
A semana começou com o planeta puxando o freio de emergência dos mercados. A Ásia amanheceu em queda livre depois das tarifas impostas por Donald Trump ao resto do planeta na semana passada. As perdas por lá ultrapassaram os 8%, enquanto nos Estados Unidos, o Dow Jones também abriu em queda.
Por aqui, a bolsa brasileira segue o boletim meteorológico global: nuvens carregadas estão a caminho, e os investidores sabem que não dá pra dançar quadrilha com os pés presos em areia movediça. Até o meio dia, nossa Bolsa seguia o resto do mundo e acompanhava a queda.
Enquanto o mundo reage com indignação ao tarifaço de Trump, com manifestações em Londres, Paris, Berlim, Toronto e mais de 1200 cidades nos próprios EUA, no Brasil a movimentação política segue num universo paralelo.Enquanto o mundo reage com indignação ao tarifaço de Trump, com manifestações em Londres, Paris, Berlim, Toronto e mais de 1200 cidades nos próprios EUA, no Brasil a movimentação política segue num universo paralelo. O maior defensor do presidente americano em terras tropicais reuniu menos de 50 mil pessoas na Avenida Paulista para pedir anistia aos condenados do 8 de Janeiro — uma pauta que, como já disse por aqui, nunca pegou. Bolsonaro não quer o pipoqueiro ou o sorveteiro livres; quer se livrar, isso sim, de ir preso junto com eles.
O ex-presidente que um dia arrastou milhões às ruas, agora tropeça até na própria pronúncia do inglês, constrangendo o país com uma leitura titubeante diante dos poucos fiéis que ainda resistem. A pesquisa Quaest divulgada ontem deixa claro: 56% dos brasileiros rejeitam a ideia de uma anistia geral e irrestrita. E não porque querem o pipoqueiro ou o sorveteiro presos, mas porque sabem que quem mais teme a cadeia é quem assina os pedidos de clemência.
E se de um lado temos um ex-presidente tentando salvar a própria pele com retórica patriótica, do outro o atual chefe do Planalto também patina. Lula perdeu a chance de se posicionar como estadista, aproveitando a guinada entreguista do seu maior rival para defender os interesses do Brasil no cenário internacional. Em vez disso, o governo vive num universo paralelo onde o brasileiro “nunca viveu tão bem”. Talvez o IBGE tenha entrevistado só a Janja, vai saber.
No fim das contas, é como dizia o Barão de Itararé: de onde menos se espera, é daí que não sai nada — nem bom senso, nem política pública, nem plano econômico. Só mais uma segunda-feira no Brasil.