
A vida de quem expõe sua opinião sem máscaras não é simples. Faço isso há alguns anos como ofício e nunca foi fácil. Tampouco nunca esteve tão difícil ser compreendido nestes tempos em que a estupidez e o fanatismo dominam o consumo da informação.
Estreei nesta semana, com alegria estonteante, como comentarista do Gaúcha Hoje, programa da Rádio Gaúcha apresentado pelo grande Antonio Carlos Macedo, que me acolheu, junto a toda sua equipe, com imensa generosidade. Na terça-feira (11), dia da estreia, falei sobre a hipocrisia dos militantes do humanismo que não perdem uma única oportunidade de manifestar seu ódio ancestral por Israel e seus cidadãos, mas que não promoveram uma única manifestação de repúdio ao genocídio de minorias étnicas da Síria iniciado pelo novo governo do país.
Encerrei dizendo que, apesar do meu posicionamento sobre Gaza, o sofrimento civil na região é real, injusto e que Israel não é imune a críticas. Disse isso ao vivo em menos de 4 minutos. Nos comentários, não faltaram ouvintes que me acusando de insensibilidade para com o povo palestino.
Na quarta-feira (12), comentei sobre a reviravolta no caso dos supostos assédios cometidos pelo ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Novas contradições foram reveladas pela jornalista Adriana Negreiros, do Uol. Falei da gravidade de condenarmos socialmente alguém à ruína antes mesmo de qualquer apuração. Reputações são construídas em décadas, mas na contemporaneidade digital, são destruídas em minutos.
Deixei claro que minha fala não era uma defesa da inocência de Silvio Almeida. Não tenho competência para isso, tampouco convicção. Novamente, um comentário que também durou 4 minutos. Na caixa de comentários, até de fascista fui classificado por ter “colocado as vítimas em xeque”.
Na quinta-feira (13), falei sobre a fala misógina do presidente Lula sobre Gleisi Hoffmann. Desta vez, sem ressalvas. A militância tresloucada me imputou predicados irrepetíveis nesta coluna, em nome da decência.
Ontem, comentei a reação abjeta do dep. Eduardo Gayer, da oposição, à fala de Lula. Ele perguntou ao namorado de Gleisi, Lindbergh Farias, como ele se sentia ao ver Lula tratando-a como uma garota de programa, vendendo-a aos presidentes da Câmara e do Senado. Um escárnio evidente.
Dessa vez, fui achincalhado tanto pela direita psiquiátrica quanto por aquela mesma militância que me chamou de adjetivos indizíveis no dia anterior, agora por estar “tentando recuperar a imagem”. É inacreditável.
A maior urgência do país é elevar o nível do debate público. As pessoas precisam escutar umas às outras. Isso só acontecerá se aqueles que enxergam as nuances da vida passarem a falar também. Expor-se é difícil, mas o que a vida quer da gente é coragem.