Inflação galopante. Um sistema político que aterroriza e acossa a população. O governo persegue e até elimina opositores.
Um país lindo, mas com miséria generalizada. A economia vai por água abaixo. Uma dívida milionária com o Brasil. Um país que cerceia a liberdade e os direitos individuais. "O mundo imperialista está contra nós" é um dos tantos argumentos estapafúrdios.
Não, não estou falando de Cuba. Me refiro à Venezuela, que segue a mesma cartilha.
Me sinto à vontade para criticar os dois ou qualquer ditadura, seja ela de esquerda ou de direita. Para mim, ditadura não tem lado. Em Cuba, uma entrevista com um cidadão na rua foi interrompida por policiais sem uniforme que nos informaram que, se a abordagem seguisse, seríamos presos. Ou seja, no país a liberdade de expressão é decidida pelo governo.
Em janeiro de 2005, o então presidente da Venezuela Hugo Chávez veio a Porto Alegre. O avião presidencial trouxe uma comitiva de 180 pessoas. Até a cozinheira do neto veio junto.
Visitando um assentamento do MST, perguntei ao ditador qual era o sentimento dele sobre trazer uma comitiva tão grande enquanto a população vivia em absoluta carestia. Chávez desconversou e respondeu que estava muito feliz de estar no Brasil. Numa ditadura é assim: o chefe do poder faz e fala o que quer, mesmo que confrontado.