Fora do segundo turno desde 2012 e longe da prefeitura há 16 anos, o PT de Porto Alegre entra na campanha eleitoral deste ano como coadjuvante. Para um partido imbatível na década de 90, que dominou a política local por mais de década de meia, há um quê de melancolia na disputa deste ano. Ao PT coube a indicação do vice na chapa com Manuela D' Ávila, do PCdoB. A capital do Fórum Social Mundial, do Orçamento Participativo já não lembra mais do PT. Há uma série de fatores que explicam a desidratação petista em Porto Alegre.
Primeiro, é inegável que a esquerda na América Latina, perdeu força. No Brasil, ainda mais depois dos escândalos do Mensalão e do "Petrolão" que trouxeram desilusão para uma parcela do eleitorado. No poder, os partidos de esquerda em geral - não que outros não tentem a mesma coisa, mas tendo a esquerda como protagonista - fazem de tudo para se eternizar no poder. Miram um projeto duradouro e isso traz desgastes.
Em Porto Alegre, as coisas começaram a murchar em 2004, com a saturação do modelo petista de gestão municipal. No lugar de um nome novo, o PT tentou emplacar Raul Pont. Não deu certo. Aí reside uma das explicações para a derrocada na Capital: o partido não soube fazer sucessores do trio Olívio-Tarso-Raul. Os nomes que vieram a seguir nunca empolgaram e aí já era tarde para formar novos líderes. Em 2008, nova derrota com Maria do Rosário; e Adão Villaverde em 2012.
Na eleição de 2016, abatido em cheio pelo impeachment, o PT tentou fazer daquela disputa uma espécie de acerto de contas com os adversários que ajudaram a derrubar Dilma retirando Raul Pont da aposentadoria. Sequer emplacou um segundo turno. O ocaso petista em 2020 foi ainda maior: sem candidatos fortes, fez um recuo histórico e aceitou ser vice na chapa de um partido que sempre tratou como satélite. Ficou pequeno. Será uma eleição curiosa.