Eu descobri algo e quero repartir com você. Talvez não tenha pensado nisso.
Faz um ano que escrevo neste espaço — acabei de comemorar o meu primeiro aniversário na última página de ZH — e venho dividindo os meus achados emocionais. Como se aqui fosse a porta do meu coração em direção à rua.
Então, raciocine comigo: a dependência mais acontece quando você não é amado. A dependência é a prova de que você não é amado.
Ela não ocorre porque o outro ama você e não quer perdê-lo, como é comum se acreditar.
O ciúme não significa que ele tem medo de que você encontre alguém melhor, é somente medo de você, pura falta de confiança. Assim como a possessividade é falta de compreensão. Assim como a grosseria é falta de comunicação.
Estamos falando do que falta na convivência, jamais do que sobra. É carência de afeto em sua essência.
Quanto mais você vê que não é amado, mais entra no desespero de tentar de tudo, mudar a atitude, censurar seus atos para convencer a sua companhia de seu valor.
Você cai na teimosia de mostrar que você é bom o suficiente, já que vive sendo criticado, depreciado, boicotado pelo próprio parceiro.
A mão em que busca se segurar para subir é aquela que o colocou no fundo do poço.
A miséria sentimental que recebe consome o seu tempo inteiro. Aquele momento que você poderia usar para ser feliz acaba sendo empregado para discutir por alguma bobagem.
Os amigos ficam em segundo plano, a família fica em segundo plano, o emprego fica em segundo plano.
A dependência se faz porque você nunca encontra paz, nunca encontra tranquilidade, nunca encontra sossego para experimentar diferentes áreas de sua vida.
O outro não gosta de você de verdade, por isso jamais está satisfeito com o que você oferece.
Você não consegue sair do relacionamento porque tem que justificar, diariamente, o que sente e precisa conquistar a atenção do seu par incansavelmente. Quanto mais triste a convivência, maior é o seu esforço e a sua doação. Você ama por dois, sofre por dois, desculpa-se por dois.
A dependência indica que está amando sozinho, sem reciprocidade.
Seu trabalho excessivo dentro de casa e na diplomacia dos horários e das tarefas decorre do fato de não ser escutado, de não ser respeitado, de não ser reconhecido.
Se houvesse liberdade, você poderia sair a qualquer momento. Não sofreria de culpa ou de angústia. Faria as malas e partiria espontaneamente.
O que o impede de ir embora? O vício de se explicar. O vício de buscar corresponder às expectativas fora da realidade. O vício de ter um confidente cínico ao seu lado, permanecendo refém da aprovação dele para as suas decisões.
Você insiste em dar novas respostas para as mesmas perguntas desconfiadas e esgota as suas forças com uma única pessoa.
Para existir liberdade, deveria contar com o amor da outra parte. Não há amor, o que experimenta é a mais absoluta dependência.