Há um novo golpe na praça.
Uma trapaça sofisticada em tempos virtuais para trair sem chamar atenção, sem ser pego.
O infiel agora finge que está num relacionamento aberto. Confessa que se encontra casado, de modo nenhum omite o seu estado civil na paquera e no flerte, mas defende que seu casamento permite contatos sexuais com outras parceiras.
Ele não esconde mais a esposa (o que é uma tarefa insana e complicada com as redes sociais), só que fala que pode sair com qualquer pessoa e que tem a concordância dela.
É uma mentira que demora para ser descoberta. O homem não tem alvará nenhum para romper a monogamia, não conta com a anuência do seu par, a poligamia não é consensual, porém ele usa o expediente de mente aberta para enganar as suas vítimas. Ainda sai por cima, como se fosse ultramoderno.
Como figuras públicas como Bela Gil ou Jout Jout são adeptas dessa conduta matrimonial, separando amor do sexo, ele se vale da tendência para se ver impune. Profana a sinceridade e a liberdade de um estilo de vida.
O problema não é o casamento aberto, é o uso da sua fama indevidamente longe do consenso de ambas as partes.
Nenhuma ficante vai duvidar da falsidade ideológica ou tirar a cisma com investigação online.
Isso permite situações surreais, como atender com a maior tranquilidade telefonemas da esposa na frente da amante. Ele não precisa sair de perto, cochichar, muito menos desligar o celular ou colocá-lo no silencioso. Sofrerá menos com as confusões da dupla personalidade.
Também poderá passear e sair com a amante publicamente, sem a necessidade da fuga clandestina a um motel. Tem um álibi moral para sua safadeza.
A terceira pessoa no triângulo amoroso não demonstrará culpa alguma, já que não sabe da canalhice, não tem noção de que o sujeito está agindo com má fé. Pensa que ele é, estranhamente, um casado disponível.
É a legalização da guampa e do chifre a céu aberto.
Igualmente o adúltero não enfrentará constrangimentos para terminar com o caso quando bem quiser. Depois de um tempo de envolvimento, quando se enjoar de alguém, pode simplesmente anunciar que ele e esposa decidiram fechar novamente o casamento, que a experiência não deu certo, que resultou em ciúme e possessividade.
Assim líquida qualquer pressão ou terrorismo a respeito de ficar junto, engavetando sumariamente a esperança de um relacionamento e a cobrança de um namoro futuro.
Previne-se dos barracos e dos escândalos, desmontando a sua farsa com rapidez, e contando com a possibilidade imediata de postar fotos românticas com a sua mulher, poupado da fiscalização e do receio de comentários ofensivos de haters.
É como janela europeia de transferência de futebol. Abre e fecha para contratações a cada seis meses.