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A derrota de João Fonseca em sua primeira partida no Rio Open é um aprendizado. E não só para ele, que aos 18 anos já encanta o mundo pelo que faz em quadra e o gigantesco potencial que tem, mas também para o público brasileiro, incluindo a mídia.
É natural a exposição demasiada do garoto nascido em Ipanema e que no final da adolescência poderia estar como muitos de seus amigos, no Maracanã para ver o Flamengo, seu clube de coração, ou curtindo uma boa praia e um pôr do sol no Arpoador.
Mas a escolha de João e de sua família foi outra. O enorme talento que ele sempre apresentou não poderia ser desperdiçado fora da quadra e dessa forma eles estão encarando um novo mundo.
Aqui no Rio de Janeiro, pouco mais de 24 horas antes de enfrentar o francês Alexandre Müller, ele ainda desconhecia o rival. Para muitos pode ter soado como arrogância, mas para quem o acompanha — e foi deles que ouvi isso, é simplesmente a sua essência, ainda com a pureza de quem está entrando no mundo dos adultos. É um ponto no longo aprendizado.
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Na mesma entrevista, ele mesmo se disse surpreso com o tamanho da repercussão de seus feitos recentes, como títulos do ATP Next Gen, Challenger de Camberra e ATP se Buenos Aires, assim como a impressionante vitória sobre o top 10 Andrey Rublev no Australian Open.
Essa popularidade será crescente. A pressão virá, ainda mais em um país carente de ídolos como o Brasil. Fiz essa questão para Rebeca Andrade. Qual seria o conselho que ela daria a ele.
— Manter a cabeça sempre muito tranquila, o foco tem que estar nele. Ele tem tudo para ser gigante — disse a maior medalhista olímpica da história de nosso país.
E com certeza este é o caminho. Como a própria Rebeca me disse, ela sabe que pode controlar os seus sentimentos e suas expectativas, não a do público e mídia. E isso vale para o João Fonseca.
A cabeça será algo fundamental nesse processo, para que ele possa fazer o que disse após vencer o Next Gen:
— Quero só ser o João e fazer a minha carreira.
Talentos não podem ser desperdiçados
O caminho será longo, mas o precoce ídolo do esporte brasileiro tem tudo para chegar ao topo.
O Fonsequismo é real e seguirá. Mas ele tem que ser algo agradável, afável, simpático e simples. Não um fator de cobrança exagerada e de pressão sobre um menino de 18 anos.
Talentos não podem ser desperdiçados, mas devem ser aperfeiçoados e nada melhor que duras derrotas para ensinar o caminho das vitórias.