Em outubro, mais precisamente no dia 30, ao ler aqui em ZH a matéria intitulada: "Ministério do Esporte anuncia verba de R$ 660 mil para o projeto Remar para o Futuro" fiz uma coluna na qual falei que o "Apoio do Ministério do Esporte ao Remar para o Futuro chegou tarde às famílias das vítimas".
O texto completo ainda pode ser acessado aqui no site. Mas quero relembrar um trecho do que escrevi e, infelizmente, afirmar que o meu sentimento naquele momento fazia sentido.
Ao questionar o porquê deste apoio anunciado não ter chegado antes, lembrei que a tragédia havia tornado o projeto mais conhecido. E, assim como ocorre quando atletas vencem, aproveitar o momento seria importante. Infelizmente, vitórias e tragédias são usados para reforçar a imagem de políticos. Afinal, uma foto vale mais que mil palavras.
Pois bem. Este jornalista com cinco Jogos Olímpicos e igual número de Pan-Americanos e uma infinidade de coberturas das mais diversas foi aprendendo com o tempo, que observar é fundamental.
E foi dessa forma que escrevi: "Mas carrego o temor de que um ato político esteja por trás disso, o que no Brasil em nada surpreende. Espero estar totalmente errado. Mas os fatos e os anos de vida me levam a crer o contrário, infelizmente".
Pois bem. Nesta sexta-feira (27), quando o trágico 2024 dos gaúchos começa a se despedir fui avisado pelo colega João Praetzel que "o projeto Remar para o Futuro recebeu a informação de que não terá acesso ao R$ 600 mil prometidos pelo Ministério do Esporte em outubro deste ano".
Surpreso, perguntei se ele sabia a resposta para isso. Afinal em outubro, o próprio ministro do esporte, André Fufuca, em reunião com o deputado federal gaúcho, Alexandre Lindenmeyer (PT) e a reitora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Isabela Andrade, havia garantido e anunciado o repasse.
A notícia chegou através de um técnico do próprio ministério que afirmou para Fabrício Boscolo, coordenador do projeto "que o recurso que seria repassado para esse TED era de outra entidade que não estava respondendo às diligências e o recurso seria retirado e transferido para vocês, porém, a entidade começou a responder às diligências e no momento não tem outro recurso disponível para empenhar".
A decisão é lamentável ainda mais quando assistimos diariamente a bilhões de reais sendo despejados para orçamentos secretos para atender a pedidos e pressões. A indignação da comunidade de Pelotas é mais do que justa.
Mas o que aconteceu para esta mudança? Foi prometido um valor que não estava disponível? O Remar para o Futuro não atendeu a alguma diligência? Ou simplesmente como escrevi em outubro tudo não passava de um ato político?
A resposta está com os políticos e pasta precisa dar uma explicação para evitar suspeita de que a promessa foi apenas uma jogada de marketing.
Novamente vou arriscar e infelizmente temo que, para as famílias e as memórias do Samuel, do Henri, da Helen, da Nicole, da Angel, do João Kerchiner, do Vítor, do professor Oguener e do motorista Ricardo, o apoio que nunca chegou quando eles batalhavam por um lugar ao sol está longe, porque simplesmente não passou de uma foto e de uma promessa vazia, assim como tantas outras de apoio ao esporte.
Ministério do Esporte comunica que fará o aporte
O Ministério do Esporte (MEsp) publicou, na noite desta sexta-feira (27), uma nota anunciando o aporte financeiro de R$ 753 mil ao projeto "Remar para o Futuro".
Por volta das 21h45min, o MEsp publicou o comunicado em seu site oficial. "O Ministério do Esporte informa que não houve cancelamento de verbas para o projeto 'Remar para o Futuro'".