Mesmo com clima de incerteza e queda de preços, os produtores gaúchos continuarão apostando na soja como principal cultura de verão - com maior cautela nos investimentos. No 1º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra de verão, divulgado nesta quinta-feira, a oleaginosa aparece com uma área 4% superior a 2013, ocupando mais de 5 milhões de hectares no Rio Grande do Sul. Parte da expansão se dará em cima das lavouras de milho, que terão 90 mil hectares a menos.
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- Estamos prevendo um patamar produtivo muito bom, apostando nas condições climáticas trazidas pelo El Niño, que costuma favorecer as lavouras de verão - avalia Glauto Lisboa Melo, superintende regional da Conab no Estado.
O receio vem da queda de 35% das cotações internacionais da commodity nos últimos meses, pressionada por estimativas de safras cheias nos Estados Unidos e na Argentina. No mercado interno, em um ano, o preço da saca de soja recuou 20%.
Apesar do cenário instável, a soja ainda é apontada de longe como a melhor opção, em comparação com culturas concorrentes (milho, feijão e pastagens). A safra brasileira do grão, conforme a Conab, poderá chegar a 92,4 milhões de toneladas. A ordem é de aperto nos gastos, sem comprometer a produtividade. Bem calculados, investimentos em fertilizantes ou defensivos devem ser mantidos pelos agricultores. O freio de mão ficará puxado para compras de máquinas ou equipamentos agrícolas que podem ser postergadas.
- A safra está sendo preparada com tecnologia para quebrar recordes de produtividade - garante Jorge Rodrigues, presidente da comissão de grãos da Federação da Agricultura no Estado (Farsul).
Para o bem da economia gaúcha, a torcida é de que o maior rendimento por hectare e clima favorável compensem os preços menores previstos para a próxima safra.