Concorrentes, sim, parceiros também. A relação entre Brasil e Estados Unidos no agronegócio carrega essa dualidade e ganha ingredientes adicionais na segunda gestão do presidente Donald Trump. A sinalização de tarifas para importações é um deles. A potencial guerra comercial com a China, outro.
Uma eventual tarifação de produtos estrangeiros é acompanhada com atenção. Os EUA foram, no ano passado, o segundo principal destino das exportações do agronegócio do Brasil. Para alguns itens, o peso desse comprador faz redobrar o grau de alerta.
— É um mercado muito importante para a carne bovina. Há uma presença (da carne) brasileira muito forte, com grande competitividade — observa Renan Hein dos Santos, analista de Relações Internacionais da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Outro ponto de atenção é o fato da indústria de carnes americana também é valorizada por Trump, que tem no meio um importante eleitorado.
Para o RS, os EUA entram como terceiro principal destino dos produtos do agro, mas na pauta gaúcha, os itens mais relevantes são outros, como o tabaco e couro.
— Existem produtos em que os EUA são o maior cliente do Estado — completa o analista.
No viés de competição, o Brasil pode ganhar terreno no embate entre dos EUA com a China. A reedição da guerra comercial poderia ampliar a já significativa venda de soja para o país. No entanto, um acordo poderia com condições que favoreceriam o grão americano.