Velhos conhecidos dos consumidores, o tomate e a batata-inglesa, alimentos que pressionaram a inflação no país em março, subiram de preço pela queda de produção causada por variações climáticas e por um problema cada mais latente no campo: a escassez de mão de obra. Extremamente dependente do trabalho braçal, a produção de hortaliças, verduras e frutas no Estado não tem conseguido se expandir na mesma velocidade que cresce a demanda por esses produtos no mercado.
- Essas culturas não são tão mecanizadas quanto outras - explica Elton Weber, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS).
Dados levantados pela entidade confirmam a falta de interesse de profissionais nos últimos anos. De 2003 a 2012, o número de empregados fixos e temporários na agropecuária no Estado caiu de 200 mil para 170 mil, incluindo também os não registrados. Isso significa que pelo menos 30 mil pessoas deixaram o campo em uma década para apostar em atividades concentradas em centros urbanos ou que remuneram melhor, como o comércio e a construção civil.
A migração de trabalhadores é um forte impedimento para que produtores consigam aumentar a produção. As áreas para expandir essas culturas precisam da força braçal para se tornarem produtivas. O êxodo é constatado também em dados demográficos. De 2001 a 2012, o percentual da população gaúcha residente no meio rural caiu de 19% para 16% - ou seja, 232 mil pessoas a mais nas áreas urbanas.
E carência de mão de obra tem relação direta com a sucessão rural. Responsável por 70% da produção nacional, a agricultura familiar sofre para formar herdeiros. Hoje, faltam sucessores em 42,5 mil das mais de 378 mil pequenas propriedades rurais. Segurar trabalhadores no campo não é somente uma questão salarial. Passa também pela solução de problemas estruturais históricos. É preciso estradas melhores, energia suficiente e acesso a tecnologia - o que torna a permanência mais atrativa aos jovens.