
Com balões brancos e camisetas com as fotos de Emanuelle de Souza, cinco anos, e Toni Vanderlei de Souza, 62, amigos e familiares realizaram, na segunda-feira (31), protesto para marcar uma semana do acidente que matou pai e filha.
Os dois caminhavam em direção à escola onde a menina estudava, no bairro Colina Verde, em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, quando foram atropelados.
A Polícia Civil investiga as responsabilidades pelo acidente, provocado por um ônibus desgovernado.
O ato foi realizado no local do acidente, que ainda carrega como marca um muro destruído pela força da colisão. O protesto, segundo a família, foi realizado para que o caso não caia no esquecimento, em memória das vítimas e para pedir uma rápida conclusão da investigação da polícia.
A mãe de Emanuelle, Eliziane de Souza, recordou que o pai e a menina sempre iam para a escola de carro ou moto, mas, naquele dia, ele decidiu ir a pé.
— Eles saíram bem felizes lá de casa. Eu estava na parada esperando o ônibus pra ir trabalhar, quando me bateu um sentimento ruim. Eu saí correndo, e era ela, justamente a minha filha, as pessoas que eu mais amava — lembrou emocionada.
Ainda segundo ela, Emanuelle não "desgrudava do pai", com quem tinha ótima relação. A menina gostava também de dançar e, recentemente, havia ganhado uma pilcha de prenda de Toni.
Catielle, uma das cinco irmãs da caçula Emanuelle, falou com a menina por vídeo na noite anterior ao acidente:
— Liguei para minha mãe e ela pediu para falar comigo. A gente sempre conversava por chamada de vídeo e ela dizia que me amava. "Eu te amo, Cati". Foram as últimas palavra que eu ouvi dela. O último eu te amo.
Conclusão de inquérito depende de laudos
A Polícia Civil aguarda a conclusão de laudos periciais para concluir o inquérito policial, que investiga por homicídio culposo (sem intenção) o motorista do ônibus.
Segundo o delegado Gabriel Lourenço, o resultado é esperado para "os próximos dias", mas preferiu não estimar um prazo.
Exames preliminares feitos pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) após o acidente não identificaram falhas no ônibus. Por isso, a suspeita é de que tenha ocorrido falha humana.
O ônibus estava estacionado em uma lomba. O motorista estava do lado de fora e ainda tentou segurar o veículo com o próprio corpo, sem sucesso. O ônibus desceu a rua em alta velocidade e prensou pai e filha contra um portão. Os dois morreram no local do acidente.
O ônibus era da Janiz Transportes, que fazia o fretamento para levar funcionários de uma empresa de Canoas.
No dia do ocorrido, a transportadora manifestou "profundo pesar pelo acidente", informou que o ônibus era novo e que estava colaborando com a polícia. O g1 procurou a empresa novamente ma segunda (31) e, até a mais recente atualização desta reportagem, não havia recebido resposta.
Nota da Janiz da época do acidente
A Empresa JANIZ TRANSPORTE LTDA., primeiramente, manifesta seu profundo pesar pelo acidente ocorrido hoje, no dia 24 de março de 2025, na cidade de Sapucaia do Sul.
De outro lado, informa que sua prioridade é prestar auxílio as vítimas, familiares e ao seu funcionário. Informa que está colaborando e continuará colaborando com as investigações e os respectivos órgãos responsáveis.
Ainda, esclarece que o ônibus envolvido no acidente é novo, recém adquirido pela empresa e o motorista é um funcionário experiente e sempre realizou suas atividades com diligência, perícia e prudência.
Por ora, informa que não tem maiores informações, mas reforça seu apoio as vítimas, seus familiares, ao seu funcionário e a população de Sapucaia do Sul.
Neste momento, expressamos nossas mais sinceras condolências aos familiares das vítimas.
Atenciosamente,
Janiz Transporte Ltda.
Canoas, 24 de março de 2025."