![Adolfo Kahan Farca / World Adolfo Kahan Farca / World](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/5/1/7/1/1/1/5_fc8495747df5456/5111715_60220a19270804d.jpg?w=700)
Brasileiros que escanearam a íris em troca de dinheiro reclamaram do serviço da World, que, segundo eles, não oferece suporte adequado. A iniciativa oferecida pela empresa tem o objetivo de criar um banco de dados biométricos mais avançado que a impressão digital e tem ganhado espaço na periferia de São Paulo.
Na terça-feira (11), a empresa interrompeu o cadastro de novos usuários no Brasil. A decisão foi tomada depois de a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, negar um recurso e proibir, definitivamente, que o empreendimento pague as pessoas pela coleta de dados biométricos.
Além de negar o recurso, a ANDP também exigiu que a World cumpra a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e indique um responsável pelo tratamento de dados pessoais coletados pela empresa no Brasil.
Falhas no pagamento
Conforme relatos de pessoas ouvidas pelo G1, a maior queixa dos usuários é relacionada ao World App, braço inicial do empreendimento. A plataforma, definida como meio oficial de atendimento, é utilizada para armazenar a remuneração dos usuários. Entretanto, as reclamações sobre o aplicativo são constantes.
— Por causa do erro no saque, eu desinstalei o aplicativo e reinstalei, mas agora ele diz que a senha está errada, mesmo eu digitando corretamente — relatou Vivian Caramaschi, 48 anos, ao portal de notícias.
Ela não foi a única a enfrentar esse tipo de dificuldade. Marilis Casco Morales, 24 anos, escaneou sua íris em dezembro, e viveu uma situação semelhante.
A remuneração aos participantes é realizada por meio das criptomoedas "Worldcoin". 24 horas depois do escaneamento da íris, o projeto libera 20 unidades da moeda. Outras 28 Worldcoins são fornecidas ao usuário mensalmente, ao longo de um ano. O ativo digital pode ser vendido por até R$ 600.
O valor incentiva a participação das pessoas no projeto. A World afirma que, no futuro, a biometria feita com a íris poderá diferenciar seres humanos de robôs de inteligência artificial (IA).
Suporte não funciona
Ainda ao g1, usuários relataram que, depois de perderem acesso das contas, foram buscar suporte da empresa, que não deu retorno.
— Tentei entrar em contato pelo chat do app várias vezes e o problema não foi resolvido. Então, decidi vir aqui na loja. Aí me disseram que talvez eu tenha sido banida por alguma atividade suspeita. Mas que atividade? Não sei, e não deixei ninguém mexer no celular. Perdi a conta e o dinheiro — afirmou Vivian.
Em sua central de ajuda, a empresa informa que a desinstalação do aplicativo é a última alternativa para recuperar o acesso, pois há riscos envolvidos nesse processo.
"Uma última opção é tentar excluir e reinstalar o aplicativo. É importante entender que excluir o aplicativo pode significar perder permanentemente sua conta se você não tiver recursos adequados de restauração em vigor (número de telefone e backup da conta com senha válida)", afirma a World em seu site.
O empreendimento afirma ainda que o processo de coleta da biometria é anônimo e que seus funcionários são treinados apenas para explicar a tecnologia e realizar o escaneamento, sem capacidade para resolver problemas dos usuários.
Como funciona o processo?
A empresa responsável pelo escaneamento da íris é a World, que cria a World Id. A companhia é operada pela Tools for Humanity, com sede em San Francisco (EUA) e em Munique (Alemanha), que responde pela operação da empresa.
Até a proibição da ANDP, interessados em escanear a íris precisavam baixar o aplicativo World App e agendar atendimento em um ponto físico da World. Lá, uma câmera chamada Orb escaneia os dados. Em seguida, a foto é criptografada e encaminhada ao aplicativo no celular da pessoa.
A estimativa é que todo o processo, desde a chegada do cliente ao local até o envio do escaneamento, demore 10 minutos. E a verificação na frente da câmera leva menos de um minuto.
Segundo a empresa, cerca de 400 mil brasileiros já participaram do projeto e mais de um milhão tem conta no World App, um aplicativo que permite realizar transações com a criptomoeda da companhia.