Quase cinco anos após o assassinato dos DJs Leonardo Scherer Kologeski, 21 anos, e Diego Lafourcade, 36, sete membros de uma facção criminosa do Vale do Sinos serão julgados por duplo homicídio qualificado. O júri está marcado para 29 de janeiro.
Entre os réus estão mandantes, executores e responsáveis por atrair a dupla para uma emboscada. O grupo também responderá por organização criminosa, assim com um oitavo envolvido.
Kologeski e Lafourcade foram encontrados mortos em maio de 2020, às margens da Estrada Leopoldo Petry, na região conhecida como Prainha, em Novo Hamburgo. Os dois foram alvejados por pelo menos três tiros de pistola na cabeça.
Para o Ministério Público (MP), os DJs foram sentenciados à morte pelo tribunal do tráfico em razão de desentendimento durante esquema de venda de drogas.
O MP considerou que os crimes foram cometidos por motivo torpe, mediante emboscada e recurso que dificultou a defesa das vítimas.
Desentendimento
Segundo a investigação da Polícia Civil, os DJs estariam atuando na compra e no transporte de drogas para a facção do Vale do Sinos. Na noite de 1º de maio de 2020, os dois foram a Novo Hamburgo para adquirir cinco quilos de crack por cerca de R$ 60 mil.
A compra da droga, que deveria ser revendida em outras cidades, foi ordenada por um dos gerentes da facção, a quem Kologeski se reportaria, de acordo com a polícia, e que estava na Penitenciária Estadual Modulada de Charqueadas.
A compra ocorreu normalmente, mas, após conversar com o gerente, Kologeski percebeu que só recebeu quatro tijolos da droga, mesmo tendo pago por cinco.
Mas o homem que vendeu a droga alegava que havia entregue a quantidade correta.
A falta de um quilo de crack teria gerado atrito entre a parte da facção comandada pelo gerente que estava em Charqueadas e a outra célula do grupo, que havia vendido a droga e era chefiada por um homem que estava no Presídio Central.
Mortes após emboscada
Kologeski e Lafourcade foram orientados a retornar até Novo Hamburgo para resolver a situação. No trajeto, um pneu do carro onde os DJs estavam furou, o que teria deixado os traficantes ainda mais irritados e desconfiados com a demora.
A polícia descobriu que, ao chegar ao local, a dupla foi levada diretamente para o ponto do crime, que seria conhecido para execuções e abandono de veículos roubados. Por isso, foi considerado que, na verdade, já se tratava de uma emboscada.
De dentro da cadeia, os dois líderes julgaram a situação e entenderam que o quilo de crack teria sido desviado pelos DJs, por isso, sentenciaram os dois à morte.
Ao saber da decisão, Kologeski chegou a se comprometer a pagar o valor da droga perdida, segundo a polícia. Mas, ainda assim, os dois foram mortos.
A polícia não conseguiu confirmar se de fato teria ocorrido o desvio da droga.
Zero Hora entrou em contato com familiares das vítimas, que optaram por não se pronunciar.
Contraponto
A reportagem não localizou a defesa dos réus. O espaço está aberto para manifestações.
* Produção: Camila Mendes