Foi preso preventivamente na tarde desta quinta-feira (9) o casal proprietário da agência de turismo Orange Travel, de Viamão, na Região Metropolitana, investigado por suspeita de golpes de cancelamento de viagens. O prejuízo total, conforme a polícia, superaria os R$ 2 milhões.
A informação foi confirmada pela delegada Jeiselaure de Souza, da 1ª Delegacia de Polícia de Viamão, à frente da investigação. O casal foi preso por estelionato e crimes contra as relações de consumo. No momento da ação, eles estavam na RS-118, em deslocamento entre Viamão e Gravataí. A identidade deles não foi divulgada.
A defesa da sócia afirma que recebeu a informação com "surpresa" a informação da prisão e que tenta acesso aos autos da investigação (leia a íntegra abaixo). A reportagem tenta contato com a defesa do sócio.
Ao longo de 2024, uma investigação contra a agência foi aberta, mas encerrada depois que a polícia não identificou indícios de estelionato. O caso foi reaberto em 19 de dezembro após supostas vítimas apresentarem documentação que comprovaria prejuízos.
Clientes da empresa contam que pagaram por pacotes turísticos, mas que a agência teria cancelado os serviços sem estornar o valor. Eles criaram um grupo para reunir provas.
As viagens teriam como destino cidades como Orlando, Montevidéu, Buenos Aires, Rio de Janeiro, Atacama e Punta Cana. Clientes relatam prejuízos que partem de R$ 1,5 mil e chegam a R$ 52 mil.
A razão social da Orange Travel é Rocha Turismo Ltda. Segundo a delegada informou à RBS TV, os proprietários da agência já teriam antecedentes pela prática do mesmo crime com uma agência que faliu e não ressarciu as vítimas. Eles contestam a informação (veja notas abaixo).
Confira nota da defesa dos sócios
"A defesa da sócia da empresa Orange Travel recebeu, com surpresa, a informação de que a representada foi presa pela delegacia de Viamão, nesta quinta-feira (9). Desde que assumiram o caso, as advogadas Deise Dutra e Thais Constantin tentam acesso aos autos da investigação, mas sem sucesso, inclusive, na data de hoje, a respeito da detenção da cliente.
A defesa não tem nenhuma informação sobre as justificativas que constam no pedido de prisão, tampouco ao que foi acatado pelo Poder Judiciário. A defesa da empresária já esteve na delegacia e sequer foi recebida pela delegada responsável, que também não respondeu aos e-mails enviados ou tentativas de contato telefônico.
As advogadas Deise Dutra e Thais Constantin reforçam a confiança na Justiça e ratificam o pedido de colaboração da polícia civil gaúcha para assegurar o devido direito à defesa."
Sobre o antecedente
"A defesa da sócia da Orange Travel esclarece informações que estão sendo veiculadas, erroneamente, pela imprensa. A alegação de que a sócia da empresa possui antecedentes criminais por, no passado, ter lesado clientes através de outra empresa de viagens, não condiz com a realidade dos fatos. A suspeita não possui antecedentes criminais, e não era parte na referida investigação citada.
A defesa da acusada, realizada pelas advogadas Thaís Constantin e Deise Dutra, afirma que os computadores encontrados dentro do veículo, eram utilizados para fins profissionais, considerando que a empresa estava atuando de forma home office desde que os sócios começaram a receber ameaças, sendo necessário que deixassem a sede da empresa para preservar suas integridades físicas e de seus colaboradores.
A defesa teve acesso à parte da investigação policial apenas nessa quinta-feira (9) e, neste momento, as procuradoras trabalham para esclarecer todos os fatos relacionados à cliente e garantir a celeridade do caso. A sócia da empresa, mesmo detida, mantém o posicionamento de colaboração com a Justiça, assim que for concedido total acesso ao caderno investigativo".
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"A defesa do funcionário da empresa Orange, patrocinada pelo criminalista Guilherme Boës, informa que o quadro societário da empresa tem apenas uma sócia. O advogado também afirma que o investigado atuava como guia turístico, motorista e organizador das viagens.
O criminalista ressalta que o mesmo funcionário tem uma união estável com a proprietária da agência de viagens e que ajudava em diferentes demandas por ser uma empresa pequena.
A defesa nega absolutamente que o investigado tenha antecedentes criminais, tão pouco pela suposta prática de estelionato, visto que as demandas jurídicas anteriores são na seara cível e estão 99% quitadas, restando somente um acordo para ser finalizado.
Por fim, a defesa garante que o acusado tem total interesse na resolução dos fatos."