Foragido desde outubro, um integrante de facção criminosa com berço no bairro Bom Jesus, na zona leste de Porto Alegre, foi preso numa ação da Polícia Civil gaúcha em Santa Catarina. Ele foi capturado por policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em Itapema, no litoral catarinense.
A polícia não divulgou o nome do preso, mas a reportagem apurou que trata-se de Flávio Daniel Santos da Rosa, o Mano Chinelo, 37 anos, que vinha sendo considerado um dos foragidos mais procurados pelo DHPP.
O preso chegou a cumprir pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e foi encaminhado para o sistema penitenciário federal durante a Operação Império da Lei II, em 2020.
Após uma série de investigações, os policiais descobriram o paradeiro dele, que foi capturado num apartamento na região central de Itapema, uma praia turística de Santa Catarina. Com o foragido foi apreendido um Corolla, além de cerca de R$ 42,5 mil em dinheiro.
Apontado pela polícia como uma das principais lideranças da organização criminosa, o preso era responsável, conforme as investigações, por ordenar execuções de integrantes de facções rivais e por gerenciar o tráfico de drogas em uma área da zona norte da Capital e em outras regiões da Grande Porto Alegre.
A prisão foi realizada pela DHPP de Gravataí e pela 3ª DHPP de Porto Alegre, coordenadas pelos delegados Edimar Machado e Thiago Zaidan.
Histórico
Segundo a polícia, Mano Chinelo tem extensa ficha criminal, com 13 indiciamentos por homicídio, além de tráfico de drogas, roubo e por integrar organização criminosa. Em 2017, ele já havia sido capturado em Florianópolis pela Polícia Civil gaúcha, apontado como um dos assassinos mais procurados de Porto Alegre.
Condenado a 49 anos e 20 dias, estava foragido desde o final de 2024, quando recebeu o benefício para realização de procedimento médico e não retornou ao sistema prisional.
Após a fuga, as investigações apontaram que o foragido teria ordenado ao menos sete homicídios na Região Metropolitana e em Porto Alegre.
Entre os crimes investigados, está um ataque ocorrido região conhecida como Morro Coco, em Gravataí. O foragido teria sido o responsável pelo envio de armas e fornecimento de “mão de obra” para a execução de rivais. Ele também é investigado como mandante de um triplo homicídio ocorrido na saída de uma boate em Alvorada, na Região Metropolitana, em 31 de outubro do ano passado.
— A captura desse foragido reflete o trabalho integrado e efetivo das nossas forças de segurança, visando enfraquecer essas organizações e garantir a proteção da população — diz o delegado Rafael Pereira, diretor do DHPP na Região Metropolitana.
O preso ainda deverá ser ouvido pela polícia sobre os crimes pelos quais é investigado. A reportagem busca contato com a defesa do apenado. O espaço está aberto para contraponto.
A facção
A organização criminosa do qual o preso é integrante é a mesma que foi alvo nesta semana de uma medida após a execução de um apenado rival na Penitenciária Estadual de Canoas 3 (Pecan 3).
Na noite de terça-feira (7), 11 lideranças da facção foram transferidas para isolamento num módulo de segurança inaugurado no fim do ano passado em Charqueadas. A medida foi uma resposta ao assassinato de Jackson Peixoto Rodrigues, 41 anos, o Nego Jackson, dentro do sistema prisional e a outros homicídios cometidos pelo mesmo grupo.
Segundo o diretor do DHPP, delegado Mario Souza, a captura do foragido faz parte das medidas aplicadas contra os homicídios cometidos pelo crime organizado, com intuito de desarticular as organizações criminosas envolvidas em homicídios, como o caso da Pecan 3.
— O combate às lideranças criminosas é uma diretriz central do DHPP e de toda a segurança pública gaúcha, com foco em responsabilizar diretamente aqueles que comandam práticas criminosas graves, sobretudo homicídios — afirma o delegado Souza.