O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, morto em 8 de novembro no aeroporto de Guarulhos (SP), delatou em setembro, durante depoimento ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que fez pagamentos de propina totalizando R$ 4,2 milhões a figuras políticas e policiais.
De acordo com o jornal O Globo, o caso está sob investigação do MP e da Corregedoria da Polícia Civil. Os citados são o deputado estadual de São Paulo, Delegado Olim (PP), o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Fábio Pinheiro Lopes, e o delegado Murilo Fonseca Roque, do 24º Distrito Policial (DP) da Ponte Rasa. Todos negam as acusações.
Segundo alegou Gritzbach, o pagamento foi intermediado pelo advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves em abril de 2022, visando benefícios legais como a restituição de seu passaporte e o desbloqueio de bens. Ele também mencionou um esquema de lavagem de dinheiro através da compra de apartamentos para beneficiar o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a apropriação indevida de um sítio de sua propriedade, avaliado em R$ 1,5 milhão.
Contrapontos
Procurado por O Globo, o delegado Fábio Pinheiro Lopes afirmou que nenhum dos supostos benefícios pretendidos pelo delator foram obtidos. Ele ainda disse que o passaporte mencionado por Gritzbach permanece na delegacia e que os imóveis do empresário foram bloqueados no inquérito conduzido pelo Deic.
Em um print de WhatsApp obtido pelo jornal, Gonçalves envia a localização onde estava e a imagem indica que seria na sede do Deic. Nas mensagens anteriores, o advogado dá a entender que entregou algum dinheiro a alguém. Ao jornal, Lopes confirmou que Gonçalves esteve de fato no departamento da Polícia Civil, mas que apenas o orientou a conversar diretamente com o delegado responsável pelo inquérito sobre Gritzbach no Deic, também por lavagem de dinheiro.
O delegado Murilo Fonseca Roque também se manifestou sobre a acusação. Ele afirmou que a fala de Gritzbach é mentirosa e que nunca falou com o advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves. O terceiro citado pelo empresário, o deputado Delegado Olim (PP) expressou indignação com as acusações, negando qualquer envolvimento.
"Não conheço pessoalmente Vinicius Gritzbach e nego ter intermediado ou atuado em qualquer procedimento judicial ou extrajudicial relacionado ao empresário", afirmou o deputado em nota, negando também qualquer relação com Gonçalves e reiterando a sua disposição em colaborar com as investigações.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo declarou que está investigando as alegações e enfatizou o seu compromisso com a transparência e a responsabilidade institucional. "Sobre os policiais mencionados pela reportagem, foi instaurado um procedimento para a devida apuração. A instituição não tolera desvios de conduta, e todas as irregularidades serão punidas com rigor. Em paralelo, a Polícia Civil colabora com as investigações realizadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, garantindo total alinhamento com os princípios legais e éticos que regem suas ações", informou a pasta em nota.