
Na próxima terça-feira (30), a Polícia Civil fará uma reconstituição dos fatos que teriam culminado na morte de Zilda Correa Bittencourt, de 58 anos. Ela teria morrido após um ritual que aconteceu no cemitério da Colônia Antão Faria, no município de Formigueiro, no centro do Estado. Segundo a polícia, o objetivo da sessão seria exorcizar um espírito maligno que teria possuído Zilda.
Conforme a Polícia Civil, os quatro suspeitos irão participar da simulação. São eles Francisco Guedes, 65 anos, apontado como líder de um centro religioso, que atualmente está em prisão domiciliar, devido a problemas de saúde; Jubal dos Santos Brum, 67, que responde em liberdade; e seus filhos, Larry Chaves Brum, 23, e Mayana Rodrigues Brum, 33, que seguem presos.
O ritual
Segundo a Polícia Civil, Zilda acreditava que era atormentada por um espírito. Ela teria histórico de depressão. Segundo o marido e o filho, Zilda desmaiava na presença do pastor quando ia à igreja, o que reforçaria a crença da família de que o problema era espiritual.
Conforme a Polícia Civil, a vítima já havia buscado outras formas de cura, passando por tratamentos médicos e benzedura. Sem sucesso, Zilda procurou o centro religioso dos investigados, para se submeter a um ritual que prometia livrá-la do espírito.
Ela era moradora de Restinga Seca e viajou cerca de 30 quilômetros para fazer a sessão. O ritual teria acontecido em um local que funciona como centro religioso e também no Cemitério da Colônia Antão Faria, na área rural de Formigueiro.
Segundo a Polícia Civil, durante o rito ela teria sido espancada, com socos, tapas e varas verdes, em idas e vindas entre o cemitério e o centro religioso. Por fim, teria sido agredida na cabeça e amarrada em uma cruz no cemitério, onde teria perdido a consciência. Ela chegou a ser levada para um hospital, onde foi constatado que já estava sem vida.
Na casa de saúde, a equipe médica percebeu que a vítima apresentava diversas lesões. O laudo de necropsia do Instituto-Geral de Perícias (IGP) indica que Zilda morreu em razão de ferimentos por instrumento contundente.
O marido e o filho da vítima acompanharam o exorcismo. Eles afirmaram à polícia que os quatro investigados teriam dito que as agressões faziam parte do ritual. A família disse que acreditava que as agressões seriam contra o espírito e não contra a mulher.
A Polícia Civil confirma que o grupo não teria recebido nenhum pagamento antecipado pelo trabalho no caso de Zilda.
Contraponto
O advogado de Francisco Guedes, Ariel Cardoso, disse que ambos estarão presentes na reconstituição, para “demonstrar que ele não teve a intenção de machucar ninguém.”
— O que ele fez foi uma questão de doação espiritual, que vem fazendo há muito tempo, pensando em ajudar as pessoas. Até porque tudo seria gratuito — disse o advogado.
As advogadas Márcia Pereira da Silva, Liégy Pereira da Silva Meneghetti e Ediani da Silva Ritter, que atuam na defesa de Jubal, Larry e Mayana Brum, afirmaram que só vão se manifestar "no momento oportuno".
* Produção: Camila Mendes