A Polícia Civil prendeu, na manhã desta quinta-feira (20), a namorada do farmacêutico que foi detido na semana passada, suspeito de vender drogas e medicamentos sem receita médica, em Dois Irmãos, no Vale do Sinos. A mulher, de 37 anos, foi presa por volta de 10h30min no centro da cidade.
Ação é mais uma etapa da investida que prendeu o farmacêutico, intitulada Operação Apotheke — que significa farmácia em alemão. Segundo o delegado Felipe Borba, que coordena a ofensiva, a mulher estava dentro do carro no momento em que o farmacêutico foi preso, no dia 12.
— No interior do veículo, havia medicamentos de uso controlado e sinais de que estariam efetuando entregas naquela tarde. Após análise de outros elementos, conseguimos confirmar que haveria uma parceria entre os dois na prática do crime — explica o delegado.
Conforme Borba, o mandado de prisão preventiva solicitado pela polícia foi expedido pela Justiça já na quarta-feira (19), quando iniciaram as buscas. A suspeita foi detida enquanto se deslocava em direção a um órgão público nesta manhã.
De acordo com o delegado, a investigação continuará e a polícia não descarta que haja outras pessoas envolvidas no esquema. Conforme o delegado, a polícia já identificou um possível fornecedor das drogas ilícitas, que seria de outra cidade, mas, por enquanto, não foi pedida a prisão preventiva.
O delegado diz que formalmente a mulher optou por permanecer em silêncio, mas que informalmente não negou que vendia drogas. Segundo ela, o relacionamento com o farmacêutico durava cerca de dois anos. Ela deve aguardar pela audiência de custódia junto ao Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp).
A investigação começou com a prisão de um massoterapeuta suspeito de prescrever e aplicar medicamentos e substâncias com conteúdo desconhecido em seus clientes.
— O aprofundamento dessa investigação e da primeira denúncia anônima que dava conta apenas do comportamento ilícito do massoterapeuta nos permitiu elucidar este fato, que não é algo simples de identificar porque é um crime cometido de forma totalmente clandestina e as pessoas não têm o hábito de falar a respeito — sublinha o delegado.
Entenda caso
- No dia 18 de abril, um massoterapeuta de 52 anos foi preso por prescrever e aplicar medicamentos e substâncias com conteúdo desconhecido em seus clientes. Segundo o delegado Felipe Borba, durante a prisão, foram localizados medicamentos de uso controlado, além de ampolas sem identificação.
- O homem foi autuado por crime contra a saúde pública e crime ambiental, devido ao descarte de seringas de forma irregular. Durante as investigações, o delegado descobriu que o massoterapeuta indicava sempre a mesma farmácia aos clientes para que comprassem medicamentos sem receita.
- No dia 12, ocorreu a Operação Apotheke no estabelecimento e o farmacêutico de 31 anos foi preso. Além de comprovar que os medicamentos eram vendidos sem receita no local, a polícia também identificou que o local comercializava drogas sintéticas, como ecstasy, MD e LSD.
- Segundo o delegado, o massoterapeuta já recebeu liberdade provisória com a condição de não exercer mais a profissão ou atividades correlatas, além de outras restrições de praxe, como não viajar sem comunicação prévia à Justiça.
Contraponto
Procurado por GZH, o advogado Fábio Fischer, que representa o farmacêutico e a namorada, informou que "está tomando conhecimento das provas contra sua cliente neste momento e que ela se encontra à disposição do Poder Judiciário para esclarecer eventuais situações envolvendo os delitos investigados." Fischer afirmou também que já entrou com pedido de habeas corpus para o farmacêutico e aguarda decisão.