A empresária Daniela Cristina Guterres Moraes, 34 anos, segue internada no Hospital Ouro Branco, em Teutônia. Ela foi localizada no fim da manhã de terça-feira (13), após 13 dias desaparecida na cidade do Vale do Taquari. Moradora de Santa Catarina, ela estava no Estado desde dezembro do ano passado, onde comemorou as festas de fim de ano com uma irmã que mora no município.
Segundo relato de Daniela aos policiais logo após ser encontrada, as duas se desentenderam. Em razão disso, ela afirma que saiu andando em direção a um matagal. No depoimento, disse que colocou o GPS do seu celular direcionando para o Norte, pois queria chegar em Santa Catarina caminhando.
Segundo a irmã, que prefere não ser identificada, Daniela não era usuária de drogas ou medicações de uso controlado. Mas ela diz que a empresária estava apresentando comportamento diferente nos dias que antecederam o desaparecimento.
A irmã diz que Daniela estava hospedada em sua casa, no Vale do Taquari, por tempo indeterminado. Ela confirma que houve um desentendimento entre elas antes do desaparecimento:
— Sei que muitos vão julgar o comportamento dela e até mesmo a mim, por esse desentendimento que tivemos. Mas isso não diminuiu o sofrimento e a aflição que passamos enquanto ela estava desaparecida. É uma pessoa muito querida e muito amada por nós.
A irmã também conta que Daniela fez uma série de publicações com mensagens aleatórias na rede social Instagram no dia do desaparecimento. Segundo a Brigada Militar (BM), quando perceberam as publicações com textos desconexos suspeitaram que ela pudesse estar desorientada e intensificaram as buscas.
No início da tarde desta quarta-feira (14), o pai de Daniela e uma irmã mais jovem chegaram a Teutônia vindos de Santa Catarina. Apenas a irmã foi autorizada a entrar no quarto para falar com ela. Os outros familiares seguem esperando notícias sobre o estado de saúde da empresária.
— As dúvidas que você tem são as mesmas que eu, por isso estou aqui esperando. Ela nunca teve problemas psicológicos — disse o pai à reportagem de GZH na calçada do Hospital Ouro Branco.
A assessoria do Hospital Ouro Branco informou que o quadro da Daniela é estável e ela segue em observação. O médico fará uma nova avaliação do quadro dela durante a tarde para averiguar se ela pode ser liberada ou se deve permanecer mais um dia em observação.
Sobrevivência
À polícia, Daniela relatou que se alimentou de frutas, espigas de milho e bebeu água de um riacho durante os 13 dias em que permaneceu desaparecida, dentro de um matagal. Moradores da região confirmaram à reportagem a existência de um córrego próximo do local onde ela foi encontrada, no bairro Vila Nova.
Segundo o comandante da Brigada Militar de Teutônia, tenente-coronel Fabiano Henrique Dorneles, a mulher caminhou pelo menos nove quilômetros em uma área de mata fechada. A corporação realizou buscas com ajuda de cães farejadores pela empresária enquanto ela esteve sumida.
O comandante pontua também que Daniela relatou ter trocado as sandálias que usava por botinas quando chegou a um lugar dentro da mata que foi descrito por ela como um chalé. Esse local citado por ela ainda não foi localizado.
A empresária também contou que, apesar de ter deixado pistas, como um cartão pertencente à irmã que foi localizado pelas equipes de busca, ela também fugiu e se escondeu dos agentes quando percebeu a presença dos drones dos bombeiros.
Resgate
Por volta de 11h de terça, quando estava chovendo na cidade, um rapaz saía de casa de carro quando viu uma moça com as roupas sujas e molhadas parada na rua. Suspeitando que pudesse ser Daniela, ele chamou a sua sogra, que perguntou o nome dela.
Quando falou que se chamava Daniela, a senhora avisou que havia pessoas procurando por ela. Ao saber disso, a mulher começou a chorar. A senhora ofereceu pastéis e café a ela, enquanto acionava a Brigada Militar. Daniela estava desorientada, apresentava quadro de desidratação e estava muito magra, por isso, foi levada ao hospital.
Desaparecimento
Daniela estava sumida desde 31 de janeiro, em Teutônia. O registro do desaparecimento foi feito no dia 2 de fevereiro. A partir disso, as forças de segurança pública começaram as buscas pela mulher.
Moradora de Santa Catarina há 20 anos, Daniela foi adotada aos cinco anos, no Rio Grande do Sul. Ela veio ao Estado em dezembro do ano passado para passar uns dias com uma irmã biológica, que mora em Teutônia. Esta foi a segunda vez que ela teve contato com a família biológica.
Daniela trabalha como maquiadora e esteticista. Ela tem uma filha de oito anos, que mora em Santa Catarina.