Rio Grande, no sul do Estado, registrou no ano passado 102 mortes violentas. O número, atribuído, em grande parte, pelas autoridades a um confronto entre facções criminosas, fez o município ser considerado o 24º mais violento do Brasil, com uma taxa de 53,2 assassinatos para cada 100 mil habitantes.
Uma das medidas do poder público para dar resposta à criminalidade foi a criação de uma delegacia de polícia (DP) especializada na investigação de homicídios na cidade. Desde que foi aberta, em janeiro de 2023, a DP de Homicídios e Proteção à Pessoa elucidou quase 94% dos casos que apurou.
A unidade realizou cinco grandes operações, prendeu 29 suspeitos e apreendeu sete adolescentes. Além disso, foram cumpridos 42 mandados de busca e apreensão e 12 armas foram recolhidas durante as investigações.
Desde que foi criada, a delegacia recebeu 53 casos. Destes, 49 — 93,8% — foram resolvidos.
A DP é comandada pelo delegado Alexandre Mesquita, que foi um dos agentes que coordenou a força-tarefa de combate às mortes violentas, criada antes do surgimento da delegacia especializada.
— Uma força-tarefa, por melhor que tenha sido o trabalho desenvolvido, é sempre um projeto temporário, com prazo para finalizar. A criação da Delegacia de Homicídios veio justamente para dar continuidade a este trabalho, de se ter uma única equipe investigando e elucidando os homicídios ocorridos na cidade — disse o delegado.
— Importante ressaltar que Rio Grande sempre teve alto índice de elucidação dos homicídios pelo trabalho das delegacias da cidade, no entanto, a experiência da força tarefa nos mostrou a necessidade de se ter essa unidade de trabalho tendo em vista a disputa pelos territórios que espalhou por bairros diversos — acrescentou Mesquita.
O crime é considerado elucidado pela polícia quando a autoria é desvendada e o inquérito é finalizado e enviado ao Poder Judiciário. De acordo com a delegada responsável pela 7ª Delegacia Regional, Lígia Furlanetto, além do executor, a investigação visa ainda identificar eventuais mandantes. Em muitos dos casos em Rio Grande, os homicídios eram cometidos a mando de líderes das facções.
Lígia afirma que o alto índice de elucidação dos homicídios está relacionado, também, com a redução dos registros de outros crimes na cidade.
— Com a decretação de prisões preventivas e investigações de desarticulação de organizações criminosas e descapitalização das facções, somados ao trabalho das demais forças de segurança, vimos um número menor de roubos, assaltos, latrocínios e outros — frisou.
Os crimes que ainda estão sem solução, seguem sendo apurados pela Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa. A cidade de Rio Grande conta com oito delegacias. Durante a guerra entre facções, além da DP de Homicídios, foi criada a Delegacia de Polícia de Proteção a Pessoas e Grupos Vulneráveis.