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Correção: o dono da CTIL Logística foi preso em Balneário Camboriú (SC), e não em Rio Grande, como publicado entre 8h21min e 14h13min desta quinta-feira (30). O texto está corrigido.
O empresário preso pela Polícia Federal (PF) na Operação Hinterland nesta quinta-feira (30) é César Oliveira de Oliveira Júnior, dono da CTIL Logística. Ele é apontado pela investigação como um dos chefes do esquema de tráfico internacional de drogas a partir dos portos de Rio Grande (RS) e de Itajaí (SC). O grupo também é investigado por lavagem de dinheiro. Oliveira Júnior foi detido em Balneário Camboriú (SC).
Também foi preso um irmão de César, tido como braço direito dele na condução de empresas e do negócio criminoso. Ele foi identificado como Leandro Gonçalves de Oliveira.
Em dois anos de investigação, a polícia apurou que a organização criminosa movimentou 17 toneladas de drogas com destino à Europa, sendo que 12 toneladas foram apreendidas. O trabalho foi feito em parceria pela PF e pela Receita Federal.
— Os valores movimentados pela organização no mercado europeu chegam a quase R$ 4 bilhões. As apreensões de patrimônio desse grupo criminoso está estimada em mais de R$ 500 milhões — disse Cleberson Alminhana, delegado da Delegacia de Repressão a Drogas da PF no Rio Grande do Sul.
Apurações realizadas pela Receita Federal constataram a incompatibilidade entre o volume de recursos recebidos e a operação de diversas empresas utilizadas pelo grupo investigado.
"Empresas de fachada e o uso de interpostas pessoas com o intuito de ocultar a origem de valores obtidos com a prática criminosa e de bens adquiridos para usufruto de membros da quadrilha também foram evidenciadas. Além disso, verificou-se a realização de operações de exportação incoerentes sob o ponto de vista comercial, com o objetivo de encobrir o envio de carga ilegal", diz nota da Receita.
Também por meio de nota, a Receita destacou que "o fato sem precedentes verificado com a deflagração desta operação, no que se refere às atividades de controle aduaneiro realizadas pela Receita Federal, foi o envolvimento direto de um dos principais grupos empresariais de logística portuária do sul do Brasil com o tráfico internacional de drogas. O grupo empresarial, irrigado com expressivo volume de recursos advindos da atividade criminosa, encontrava-se em franca expansão, planejando inclusive adquirir direitos de concessão para operações portuárias".
A investigação da PF indicou que droga produzida na Bolívia era remetida ao Brasil por um fornecedor paraguaio e ingressava no país por Ponta Porã (MS). Posteriormente, a cocaína era transportada em caminhões até o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e armazenada nas próprias empresas da organização criminosa ou em depósitos próximos aos portos de Rio Grande e Itajaí.
A droga era inserida em cargas regulares com a intervenção e coordenação da alta administração das empresas de logística, sem o conhecimento dos contratantes, proprietários das cargas lícitas (normalmente de insumos que poderiam mascarar a droga quando submetida aos controles alfandegários). Já no continente europeu, o grupo comprador do entorpecente, furtava a parte da carga regular que continha a cocaína, para distribuição em diversos países da Europa.
O advogado Affonso Celso Pupe Neto, que representa a CTIL Logística e os irmãos César e Leandro Gonçalves de Oliveira, afirmou à RBS TV que ainda não teve acesso aos documentos da investigação, mas que vai provar “a inocência tanto da empresa quanto do Leandro e do César”. Ele ainda disse ter certeza que a acusação é “improcedente”.
Em seu site, a empresa CTIL Logística se apresenta como operadora portuária no porto público de Rio Grande. "Capacitados a atender as mais variadas operações de cargas, de importação e exportação, cargas avulsas e conteinerizadas. Executando toda a logística de cais que o cliente necessita, desde a organização da carga no cais até o carregamento no navio", diz o texto.
O que diz a Portos RS
"A Portos RS - Autoridade Portuária dos Portos do Rio Grande do Sul informa que na manhã desta quinta-feira (30) a Polícia Federal e a Receita Federal realizaram uma operação em várias localidades, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa investigada por tráfico internacional de drogas.
Por fim, parabenizamos aos órgãos de segurança envolvidos pelo sucesso nas operações e reiteramos que a autoridade portuária continua sendo parceira na manutenção da ordem pública que resguarda nossas fronteiras."