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Apontado como responsável pelo abuso e sequestro de uma menina de nove anos em Tramandaí, no Litoral Norte, Antônio Bocker Jacob, 61 anos, pediu que ela recolhesse uma bola nos fundos da sua loja de conveniência, na tarde de terça-feira (25).
Quando a menina foi pegar o brinquedo, o homem a empurrou para dentro de um fosso subterrâneo. Ele lacrou a entrada do alçapão com uma tampa de concreto e com caixas de cerveja. Em seguida, ele ligou o rádio com volume elevado para abafar o som dos gritos da menina. Para convencê-la a entrar na loja, ele teria oferecido um picolé à criança. A informação é da Polícia Civil.
A menina foi mantida em cativeiro por cerca de 18 horas. A mãe dela conta que a filha relatou ter sido agredida por Jacob. Segundo ela, o homem desferiu um tapa no rosto e um soco no estômago da criança.
A mulher, de 48 anos, conversou com a reportagem de Zero Hora nesta quinta-feira (27). Segundo ela, a filha saiu de casa por volta de 16h de terça para ir até a pracinha, que fica a duas quadras de casa, no bairro Parque dos Presidentes.
— Ela não fica mais de meia hora fora de casa. Quando ela sai, ela logo volta. E demorou 45 minutos. Para mim, já estava demorando, porque eu conheço a minha filha — conta.
A mãe lembra que a menina não chegou a acessar a pracinha. O homem a atraiu para dentro da loja antes disso. À família, a menina relatou os momentos de terror que viveu dentro do prédio que fica em frente à Praça Castelo Branco:
— Ela dormiu no buraco. Durante a noite, ele tirou ela do buraco e deitou ela na cama dele. Ele despiu ela e passou a mão nas partes íntimas dela.
Foi nesse momento, segundo mãe, que a filha começou a gritar, e o homem desferiu um tapa contra o rosto da criança e um soco no estômago dela. A menina relatou que o homem estava alterado e cheirando um pó branco. Após a agressão, ele fez ameaças a ela.
— Ela é magrinha. Pensa na mão de um homem batendo nela. Eu nunca surrei ela. E ele disse para ela: “De noite eu vou fazer uma coisa contigo, mas tu não vai gritar, senão eu vou te bater. Depois vai acabar tudo” — relata.
Após as agressões e a ameaça, a menina foi levada de volta ao alçapão com tampa de concreto, onde passou a noite presa. Ela só saiu de lá na manhã seguinte, quando foi resgatada pela Brigada Militar.
A mãe conta que a criança estava assustada quando foi salva na manhã de quarta-feira. No início da tarde, a família foi levada em um carro do Conselho Tutelar até Porto Alegre para que a menina recebesse atendimento especializado no Centro de Referência ao Atendimento Infantojuvenil (CRAI). A família retornou a Tramandaí após as 22h.
— Ela disse: “Obrigado por não desistir de mim”. Eu nunca vou esquecer disso — lembra a mãe.
Segundo a mulher, a menina teve pesadelos e chorou durante a noite. Para alegrá-la a comunidade fez uma vaquinha para compra um lanche do Mc Donald’s, que foi o primeiro pedido da menina. Ao chegar na loja e fazer o pedido, a unidade doou o lanche para a família.