Produtos revirados, vidros quebrados e muita desordem. Esta é a situação do interior da loja de conveniências, um dia depois do desfecho do rapto de uma menina de nove anos na quarta-feira (26) de manhã. A criança foi mantida sob um alçapão pelo dono do estabelecimento por aproximadamente 12 horas para que pudesse abusá-la sexualmente.
O porão escuro, quente e úmido fica nos fundos do estabelecimento. O local estava encoberto por engradados de cerveja. Responsável por investigar o caso, o delegado da Polícia Civil Alexandre Souza descreveu o cativeiro como "um buraco".
O estabelecimento pertencia a Marco Antônio Bocker Jacob, 61 anos, que atraiu a vítima oferecendo um picolé. Ele morreu em um dos corredores entre o bar e os fundos do terreno, próximo ao local onde a menina foi encontrada por brigadianos, após ser linchado por moradores da região.
Neste ponto, é possível ainda observar os engradados de cerveja ao lado da tampa de concreto que escondia a entrada do alçapão. Estilhaços de vidro no trajeto entre a entrada do bar e o corredor denunciam as violentas cenas que ocorreram naquele ambiente nos últimos dias.
Em outros cômodos do terreno, onde também está situada a casa do suspeito, muita bagunça. Um cômodo tem lotes de cigarros e outros produtos revirados, uma espécie de depósito. Uma gaveta com preservativos e um colchão jogado são vistos em outro ponto.
Pelos corredores, sujeira e muitas caixas com produtos dos mais variados: de refrigerantes a salgadinhos e outros alimentos.
Vídeo mostra o interior do estabelecimento
Entenda o caso
A menina de nove anos foi sequestrada na tarde de terça-feira (25) no bairro Parque dos Presidentes, em Tramandaí, no Litoral Norte do RS.
Se queixando para a família de calor em casa, a vítima disse que ia brincar numa praça próxima. Foi quando o suspeito a atraiu oferecendo um picolé e a levou para uma loja de conveniências de propriedade dele. No local, na Rua São Marcos, a menina foi feita refém, trancada num porão, e abusada sexualmente.
Na noite de terça-feira, após a família estranhar a demora da menina em voltar para casa, a polícia foi acionada. Iniciadas as buscas, o pai chegou a ir no estabelecimento do suspeito, onde acabou desconfiando do dono da loja. Com a ajuda de imagens de câmeras de segurança, a Brigada Militar constatou que a menina foi até o local e não saiu mais.
Na manhã seguinte (26), a BM foi até a loja e encontrou a criança trancada em um alçapão. Ela foi retirada do cativeiro relatando abuso sexual e encaminhada para atendimento médico.
Durante o resgate, a comunidade local reagiu violentamente, invadindo e depredando a loja, agredindo o suspeito e destruindo o carro dele. O homem foi atendido pelo Samu, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. A polícia tentou conter a multidão, mas um policial foi ferido no processo.
O homem linchado tinha antecedentes criminais por feminicídio, tráfico de drogas, furto em veículo, crueldade contra animais e lesão corporal.