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Quatro dias após o falecimento de Jorge Antônio Nascimento e Silva, 52 anos, a família conseguiu realizar na manhã desta quinta-feira (21) o sepultamento em Osório, no Litoral Norte. O erro administrativo ocorrido no Departamento Médico Legal (DML) em Porto Alegre é apurado por meio de um procedimento interno. No entanto, a Polícia Civil analisa se há algum indício de crime.
Michele Silva, 33 anos, filha do morador de Osório, informa que o sepultamento foi realizado por volta de 10h30min, no município. Segundo ela, o corpo foi liberado pelo DML nessa quarta-feira. Com isso, a família realizou o deslocamento para o litoral e um rápido velório para se despedir do parente.
Silva foi encontrado morto pela filha, na casa em que ele vivia, no domingo. O corpo foi encaminhado para necropsia no DML da Capital e acabou trocado. Na terça, Michele foi informada de que o pai teria sido sepultado por outra família, como sendo outra pessoa, por um erro do departamento.
A diretora em exercício do Instituto-Geral de Perícias (IGP), ao qual o DML está subordinado, Marguet Mittmann, confirma que ambas as famílias envolvidas foram contatadas. O objetivo foi explicar o equívoco e entregar os corpos certos. No primeiro caso, para que fosse feito um novo sepultamento, e no caso de Silva, para que familiares conseguissem realizar o enterro. A identidade do morto que foi confundido com o morador de Osório não foi divulgada, para preservar a família.
O IGP diz que todas as providências judiciais e administrativas foram tomadas. Além do reparo do erro e do auxílio às pessoas envolvidas, um procedimento interno foi instaurado, sem prazo para conclusão. O processo pode resultar em advertência e até na demissão dos envolvidos.
— Não compactuamos com este tipo de erro, os processos administrativos já tiveram seu início e faremos uma apuração séria, célere, além do que seremos muito rígidos na definição e apuração dos fatos. Vamos verificar quantas pessoas estiveram envolvidas e exatamente onde houve o erro para depois decidirmos por correções e punições — ressalta Marguet.
Ela diz que, inicialmente, houve uma série sucessiva de pequenos acontecimentos que levaram ao erro na troca dos corpos. O caso foi descoberto quando Michele, filha de Silva, foi acionada pelo DML para reconhecer o corpo do pai. Ao ser questionada sobre marcas de tiros no cadáver, ela imediatamente disse que não poderia se tratar da mesma pessoa. Segundo a família, Silva morreu em casa no domingo (17), vítima de uma hemorragia abdominal hepática. O corpo foi encaminhado para a Capital porque não havia médico-legista em Osório.
Polícia Civil
O titular da 10ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, delegado Ajaribe Pinto, está analisando o caso e está em contato com o IGP para ter certeza se houve apenas erro administrativo. Neste caso, pode não instaurar inquérito sobre o fato. No entanto, se houver indício de algum tipo de crime, ele vai investigar o caso. A decisão deve ser tomada até sexta-feira (22).