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Apontado como um dos principais líderes de uma das maiores facções do Rio Grande do Sul, Cristian dos Santos Ferreira, o Nego Cris, 40 anos, está foragido novamente. Ele era um dos alvos da Operação Iter Criminis desencadeada na manhã desta segunda-feira (24).
Nego Cris é apontado como a liderança envolvida na execução de um homem em outubro do ano passado, no bairro Partenon, na zona leste de Porto Alegre. Ao ser atacado a tiros, Daniel de Souza Ferreira, 45 anos, tentou se esconder no pátio da 1ª Delegacia de Homicídios, mas foi perseguido e morto a tiros.
O grupo por trás dessa execução foi alvo de operação nesta manhã. Foram cumpridas ordens judiciais em Porto Alegre e em duas casas prisionais de Charqueadas.
— Ele é o líder dessa facção que autorizou esse atentado. Ele se tornou foragido cerca de uma semana antes da execução — afirma o delegado Gabriel Borges, da 1ª Delegacia de Homicídios.
Nego Cris é apontado como suspeito de envolvimento em sete homicídios atualmente. Segundo a polícia, em outubro, ele recebeu o direito de responder em liberdade, mas teve nova ordem de prisão decretada e não foi mais localizado. Desde então, está foragido.
— Além de atacar executores e mandantes, buscamos responsabilizar lideranças. E neste caso esse líder está foragido. Ele passa a ser um alvo prioritário. A maior parte dos homicídios em Porto Alegre é cometido por facções. Quem morre e quem mata, na maioria das vezes, é de faccionados. Por isso, agimos contra as facções — disse o delegado Mario Souza, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Liderança, prisões e fugas
Segundo a polícia, Nego Cris seria integrante da facção desde a criação do grupo, e que há anos ele exerceria liderança no bando, atuando na gerência e nas finanças.
O homem cresceu no bairro Bom Jesus. Na adolescência, Cristian já teria sido investigado por roubo. Como adulto, passou a ser investigado e processado por diversos crimes, como nove homicídios, roubos, associação criminosa e receptação.
Ele foi preso em 2012 em um sítio no interior de Taquara, que era utilizado para treinamento de integrantes da facção, conforme investigação da época. No ano de 2014 foi novamente preso, após uma denúncia anônima. Já em 2017, foi condenado a mais de 20 anos de prisão por um dos homicídios pelos quais era investigado.
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Em novembro de 2021, foi beneficiado pela prisão domiciliar humanitária, com monitoramento eletrônico. Seis meses depois, houve o rompimento da tornozeleira eletrônica. O homem permaneceu foragido, até ser preso em Goiás.
Vida dupla em Goiás
Nego Cris havia sido preso em junho do ano passado em Goiás. Na época, estava há dois anos foragido, após romper tornozeleira eletrônica.
A partir de uma investigação, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul descobriu que Nego Cris estava morando em uma casa de alto padrão no município goiano de Catalão, onde estaria atuando como empresário.
A prisão aconteceu após um período de vigilância no local. Com Nego Cris a polícia encontrou documentos falsos, com um novo nome que ele estaria usando.
Segundo a polícia, Nego Cris vivia uma vida dupla: continuaria ocupando uma posição de liderança no grupo criminoso enquanto, usando a identidade falsa, investia no comércio local na cidade goiana. A investigação descobriu que o foragido havia montado uma lavagem automotiva e uma mecânica no município.
Em outubro do ano passado, ele voltou a ficar foragido.