Começou por volta das 10h desta quarta-feira (27) o júri de um dos acusados de estuprar, matar e ocultar o corpo de Surianny dos Santos Silveira, cinco anos. O crime aconteceu em 19 de agosto de 2015, no bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre. O julgamento é presidido pela juíza Karen Luise Souza, da 1ª Vara do Júri.
Charles Teixeira de Castro, 30 anos, era padrasto da criança e está sendo julgado pelos crimes de estupro, homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Em 31 de janeiro de 2018, Charles e o irmão de criação, Jefferson Machado Alves, 29 anos, foram condenados a 61 anos de prisão cada, penas aplicadas pelo então juiz do processo Orlando Faccini Neto.
Só que, em agosto de 2019, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça anulou o processo referente a Charles, ao entender que um recurso da defesa do réu não havia sido processado. Quanto a Jefferson, a pena foi reduzida de 61 anos e nove meses para 42 anos e seis meses de prisão.
Quatro testemunhas foram arroladas pelo Ministério Público para serem ouvidas. O réu chegou a entrar no plenário, mas foi retirado a pedido das testemunhas.
A primeira a depor foi a mãe da vítima, Eliziane Machado dos Santos. Aos prantos, manifestou indignação pela necessidade de novo julgamento.
— Ele (Charles) está tentando uma segunda chance hoje, chance que a minha filha não teve — disse Eliziane.
Para a vendedora, o padrasto premeditou o crime. Disse que quando estava em viagem a São Paulo, na época do crime, recebeu uma ligação dele, dizendo que ela teria uma surpresa ao chegar.
— Ele tratava ela diferente. Ela era muito rigoroso com ela, deixava ela de castigo — ressaltou.
Charles e Jefferson tentaram esconder o corpo da criança dentro do sofá da casa onde viviam.
— Eu lembro que esse Jefferson não saía de cima do sofá. E depois descobrimos que o corpo da minha neta estava escondido ali dentro — disse a segunda testemunha a depor, a avó da vítima, Sônia Beatriz Machado.
Sônia disse que Charles, mesmo tendo participado do crime, chegou a sair com a família para procurar a enteada, supostamente desaparecida.
— Ele foi tão sangue-frio, porque ele procurou a guria comigo — recordou a dona de casa.
Sônia chegou a chorar verias vezes ao lembrar da neta. Também reclamou da necessidade de um novo julgamento e de ter que reviver todo o drama novamente.
O júri teve uma pausa para o almoço e será retomado em seguida. Ainda estão previstos dois depoimentos, de dois tios da vítima. Depois, o réu será interrogado. Em seguida ocorrerão os debates entre acusação e defesa. Logo depois, os jurados se reúnem na sala secreta para dizer se o réu é culpado ou inocente. A última etapa é a sentença da juíza com a pena aplicada ou a absolvição. A expectativa é que o júri termine durante a noite.