
Na primeira etapa da Operação Caçador, deflagrada na manhã desta terça-feira (26), a Polícia Civil prendeu três líderes de uma quadrilha de traficantes na cidade de Canoas. O grupo fazia telentrega de drogas e montou uma empresa de fachada para gerar boletos virtuais e, com isso, estimular beneficiários do auxílio emergencial a usarem parte dos R$ 600 para compra de entorpecentes.
Na segunda etapa, o objetivo será pedir a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos envolvidos para saber valores e a quantidade de vezes que o crime ocorreu. Além de mensagens, inclusive com um dos códigos de barras usado em quatro dos pagamentos identificados, a polícia obteve áudios que mostram os traficantes negociando com usuários o dinheiro fornecido pelo governo federal.
O diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, delegado Mario Souza, diz que com a quebra dos sigilos, junto à Caixa Econômica Federal e também a outros bancos, serão apuradas questões bancárias e financeiras para saber quantas vezes o auxílio foi usado.
Souza também pretende identificar quais beneficiários utilizaram o dinheiro e qual o valor foi repassado para a quadrilha de traficantes desarticulada pela polícia.
Delegado Mario Souza:
Provas encontradas
Com a prisão dos três criminosos nos bairros Guajuviras e Estância Velha, que também tiveram as residências revistadas devido a mandados de busca e apreensão, o delegado Rodrigo Caldas, titular da 3ª Delegacia de Canoas, diz que já tem material suficiente para comprovar que quatro usuários de drogas utilizaram os benefícios da União para adquirir entorpecentes.

Uma das provas é um boleto virtual enviado para o saque do auxílio emergencial, já que o grupo criou empresa de fachada para gerar este documento. Outra prova é um conjunto de vários áudios. São conversas entre traficantes ou entre eles e usuários, sempre com o objetivo de estimular o pagamento dos entorpecentes com o dinheiro da ajuda federal.
Ouça um dos áudios:
A outra prova é uma série de mensagens pelo WhatsApp que estava nos celulares que foram apreendidos dos investigados. Em uma delas, os suspeitos conversam com usuário sobre datas e orientam sobre o uso de código de barras para fazer o saque do auxílio emergencial.

Uso do auxílio emergencial
Depois de verificar que o grupo fazia até cem telentregas por semana para Canoas e a zona norte de Porto Alegre, Caldas descobriu a abertura da empresa de fachada pelos traficantes para facilitar que usuários utilizassem seus benefícios por meio de pagamento de boleto virtual.
— O usuário fazia pedido de drogas pelo WhatsApp e recebia o código de barras. Nesse meio tempo, o traficante procurava saber se ele tinha auxílio emergencial ou o de um familiar. Assim, explicava como fazer o saque por meio do pagamento virtual via boleto. Depois, os criminosos procuravam mais beneficiários, bem como continuavam estimulando os que já faziam este esquema para que tivessem sempre o lucro garantido — explica.
Nomes dos presos e da empresa ainda não foram divulgados porque a investigação continua. Também solicitado o fechamento da empresa de fachada montada pelos traficantes. Participaram da operação 34 agentes, com apoio do helicóptero da Polícia Civil, no cumprimento de seis mandados de busca e três de prisão. Foram apreendidos celulares, dinheiro, cartões e drogas.
