Há mais de meio ano sem encontros presenciais, detentos de um presídio da Região Metropolitana poderão receber visitas a partir deste sábado (17). Com agendamento prévio, os familiares serão recebidos em cada uma das quatro cadeias da Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan), em grupos de 10 pessoas, em quartas, quintas, sábados e domingos.
Com isso, os 2,7 mil apenados terão um encontro por mês, conforme determinação do governo do Estado. Anteriormente às restrições impostas pela pandemia de coronavírus, havia três vezes mais encontros — além da visita íntima, que segue proibida em um primeiro momento.
Na manhã desta sexta-feira (16), a reportagem de GZH percorreu o local e pôde constatar o protocolo a ser seguido, desde a chegada à penitenciária até a conversa com o preso no pátio da galeria.
Logo no primeiro portão, há a necessidade de identificação, realizada pela Polícia Penal. Caso o visitante não conste na lista do turno determinado, ou tente visitar sem agendamento, terá o acesso negado. Com os dados conferidos, o familiar é encaminhado para a sala de revistas, onde demarcações no piso separam os visitantes a cada dois metros.
Após responder um questionário sobre sintomas de saúde, a temperatura é aferida, as mãos são higienizadas e um par de luvas descartáveis vestido, obrigatoriamente. Os calçados passam por um tapete sanitizante e a última etapa de conferência inclui a passagem pelo scanner corporal, que indica se algum objeto está sendo carregado por baixo das roupas ou escondido dentro do corpo.
Nesta sexta, um apenado que trabalha na instituição realizava os últimos reparos na sala de espera, interditando poltronas para evitar aglomerações. No pátio, mesas ganharam marcações em fita amarela, o que garante o distanciamento de dois metros entre as pessoas. O contato no momento da visita também será proibido, segundo a coordenadora da Sala de Revista, Fernanda Kersting.
— O visitante não trará absolutamente nada, nem uma sacola para dentro da Pecan. A entrega de sacolas, com cigarros, açúcar, salgadinho, bolacha e outros itens permitidos é feita por um representante da galeria, até duas vezes por semana — explica Fernanda.
Após uma hora, os detentos recebem um kit com itens de limpeza e precisam higienizar mesas, torneiras e banheiros para o próximo grupo.
A escolha de quem irá até a penitenciária é feita pelo preso, em uma lista enviada à administração da cadeia. Na maioria dos casos, segundo a coordenadora da área, as visitas são feitas pelas mães ou companheiras.
— Raramente, um pai ou outro parente homem vem aqui. A gente confere também se tem alguma medida protetiva, para que não haja risco — complementa.

A cozinheira Nara Beatriz Martinez, 47 anos, saiu do presídio com o sentimento dividido: feliz por saber que irá ver o marido neste sábado, mas insatisfeita com a impossibilidade de tocá-lo.
— Faz falta a gente ter contato. Mas ao menos vou vê-lo, depois de dois meses — diz.
A trabalhadora levou até a instituição documentos pessoais e teve os registros conferidos. Liberada, teve a carteirinha de visitante impressa na hora — atendimento que também precisa ser agendado.
Segundo o diretor do complexo da Pecan, Loivo Machado, nenhum detento testou positivo para covid-19:
— Na chegada, o preso fica 14 dias isolado, e só depois vai para a galeria, ou é transferido para outro local, dependendo da ficha.
Uma ala com celas individuais foi destinada a apenados que apresentem sintomas ao chegar ao local de reclusão.