
Os criminosos que abalaram a rotina de Gramado nos últimos dias após sequestrarem empresários, trocar tiros com a polícia e atropelarem dois agentes são conhecidos por assaltos a banco e a carro-forte no Estado, segundo a Polícia Civil. Apontados como líderes do grupo, os irmãos Roberto Filipiak de Souza, 42 anos, e Dejair Filipiak de Souza, 45, teriam participado ativamente das investidas criminosas no município. Roberto foi ferido e preso após confronto no domingo (3). Ele morreu no hospital por volta das 22h20min de segunda-feira (4). Dejair segue sendo procurado.
Entre os casos que figuram no histórico criminal de Dejair consta um roubo a carro-forte em Nova Hartz, no Vale do Sinos, em 2002. Dias após o crime, ele e um comparsa foram presos. Já Roberto teria participado de um ataque a banco em São Francisco de Paula, na Serra, em 2006. Na ocasião, criminosos invadiram agência bancária, fizeram reféns e trocaram tiros com a polícia. Delegado de Gramado, Gustavo Barcellos classifica os dois irmãos como líderes operacionais e "elo violento do grupo":
— É uma quadrilha extremamente violenta, envolvida em assaltos. Roubos a banco, a carros-forte e a residências de empresários. Possuem logística bastante estruturada, armamento pesado, explosivos. Enfim, é um grupo muito perigoso e que atuava em várias regiões do Estado, levando terror nas comunidades.
Os investigadores não descartam a possibilidade de que o grupo estivesse planejando ação criminosa mais complexa antes de ser desmantelada. Em uma das bases do grupo, no município de Glorinha, na Região Metropolitana, a polícia localizou no domingo 44 quilos de explosivos, miguelitos e toucas ninja.
Durante o cerco, sete pessoas foram presas. Três mulheres suspeitas de participação no resgate aos fugitivos foram soltas na segunda-feira (4). Seguem detidos Marlei da Silva Ramos, 36 anos, Francisco Alexandro Ferreira Maciel, 33 anos e Leandro Schuh, 41 anos. A suspeita é de que Ramos estivesse com os irmãos durante o sequestro de sexta-feira (1º).
Segundo a Polícia Civil, os três homens, durante depoimento, preferiram se manter em silêncio. Barcellos salientou que, neste momento, os esforços estão concentrados em localizar Dejair. Na sequência, a investigação buscará identificar eventuais elos da quadrilha com outras pessoas.
Cerco
Os investigadores apuram se os criminosos agiram com base em informações privilegiadas sobre a rotina dos sequestrados.
— São audaciosos. Não têm medo. Vão para matar ou para morrer — salientou Barcellos, dizendo que os assaltantes optaram por reagir às abordagens policiais.
A Polícia Civil começou a monitorar o grupo após assalto em Gramado, em 22 de outubro, em que os criminosos mantiveram um empresário do ramo moveleiro refém, enquanto roubavam dinheiro que estava no cofre da casa da vítima. Com base em operações de inteligência, os investigadores conseguiram evitar a investida da quadrilha na última sexta-feira, que tinha outro empresário como alvo.
Ontem, policiais militares seguiam no quinto dia de cerco ao bando, tentando localizar Dejair. As ações da BM estão concentradas em uma área de mata fechada no entorno da Cascata do Caracol, em Canela. Agentes realizam barreiras e abordam motoristas que cruzam a região. Os condutores precisam abrir o porta-malas dos carros e responder perguntas antes de seguir viagem.