Um dos aspectos brutais da chacina ocorrida na noite de quinta-feira (19) na zona norte de Porto Alegre foi o assassinato de duas mulheres — uma delas grávida de oito meses, e a outra com suspeita de gestação não confirmada pelo atendimento médico. A Polícia Civil relatou na manhã desta sexta-feira (20), em entrevista coletiva, que não foi possível tentar um parto de emergência. O crime ocorreu por volta das 19h30min, em uma casa utilizada como ponto de consumo de drogas, no bairro Passo das Pedras.
Rita Borba de Aguiar, 32 anos, era usuária de drogas e vinha sendo auxiliada por vizinhos, com alimentos, por conta da gravidez. A mulher estaria com cerca de oito meses de gestação. A vítima foi executada com um disparo na cabeça e estava caída junto à porta, logo na entrada da casa. A mulher já estava morta quando os policiais chegaram ao local.
Segundo o delegado Paulo Grillo, diretor do Departamento de Homicídios, quando a polícia foi informada que a mulher estava grávida o socorro médico foi acionado, para tentar um procedimento de emergência. A equipe médica teria constatado, no entanto, que o feto já estava sem vida.
— O Samu confirmou a gravidez, de aproximadamente oito meses. Mas infelizmente ela estava muito debilitada, por conta do uso de entorpecentes. E, por isso, não houve condição para tentar um parto, uma cesariana — afirmou.
A outra mulher morta, identificada como Najara Katiane Schumacher Pereira, 30 anos, também estava sem vida quando os policiais foram chamados. Ela tinha relatado para familiares que suspeitava que estava grávida. No entanto, segundo o delegado Gabriel Bicca, do Departamento de Homicídios, o socorro do Samu não confirmou esta informação. A suspeita será verificada durante a necropsia.
— Havia essa suspeita de que ela estivesse grávida. O Samu esteve lá, fez exames e não confirmou a gravidez — disse.
Ainda que seja confirmada a gravidez, a morte dos fetos não será considerada homicídio e não será contabilizada entre o total de mortos na chacina. Conforme o delegado Grillo, juridicamente o assassinato só pode ocorrer após o nascimento.
— É um crime chocante, sem dúvidas, até mesmo para policiais experientes — afirmou.
As outras vítimas
Foram identificados as sete vítimas da chacina — considerada a maior do século em Porto Alegre —, incluindo Najara. Entre os mortos estão Adriano Müller Guimarães, 35 anos, com antecedentes por roubo a ônibus, furto e posse de entorpecente. Ele havia sido vítima de tentativa de homicídio em 2012. O homem chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.
O idoso Breno Eli Silva de Freitas, 71 anos, também foi assassinado no local. Segundo a polícia, ele tinha uma passagem por furto. A outra vítima foi identificada como Douglas Seelig de Fraga, 38 anos, com antecedentes por furto, lesão corporal e ameaça. Além dele, também foi executado Jair da Luz de Souza, 49 anos, com furto e ameaça. Vantuir Francisco Zanella Vieira, 39 anos, tinha antecedentes por tráfico de drogas. Um homem não identificado, baleado na mesma casa, segue hospitalizado em estado grave.