Depois de divergirem sobre a necessidade do rastreamento do câncer de próstata por todos os homens a partir dos 50 anos, a Secretaria Estadual da Saúde, que era contra, e a Sociedade Brasileira de Urologia, que era a favor, entraram em acordo sobre o tema. Agora, governo e especialistas afirmam que os exames preventivos devem ser realizados apenas quando há orientação médica. Em casos de sintomas, o paciente deve ser investigado independentemente da idade. Quando houver histórico familiar, ele deve conversar com os médicos sobre riscos e benefícios.
Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, o acordo entre o órgão, a Sociedade Brasileira de Urologia (Seccional RS), a Faculdade de Medicina da UFRGS e o Telessaúde será apresentado nesta terça-feira, às 17h. O ato ocorrerá na sede da secretaria, localizada no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), em Porto Alegre.
– Faz um ano que nos posicionamos contrários a uma política do "Novembro Azul" de quase obrigar os homens a fazer o rastreamento para prevenção do câncer de próstata. Felizmente, isso foi entendido melhor pelos profissionais da área. Vamos afirmar hoje que o rastreamento à toda a população é contraindicado, não é uma estratégia que deva ser implementada na saúde pública – explicou o secretário da pasta, João Gabbardo dos Reis nesta terça-feira, em uma entrevista à Rádio Gaúcha.
Durante a reunião, será assinada uma nota conjunta elaborada pela secretaria e pelas as três entidades sobre as estratégias de rastreamento do câncer de próstata, que incluirá os casos em que os exames de sangue (PSA) e de toque retal são recomendados.
Escute a entrevista do secretário:
Discuta com o médico a necessidade de fazer os exames
A nova orientação é que os homens a partir dos 50 anos que não tenham nenhum sintoma da doença discutam com seus médicos a necessidade de fazer os exames de sangue (PSA) e de toque retal. Homens negros ou com histórico familiar da doença devem procurar o médico depois dos 45 anos, pois a incidência de câncer de próstata nesses dois grupos é maior.
– As evidências científicas mostram que não há benefícios para as pessoas que fazem o rastreamento. Pelo contrário, terminam tendo uma série de efeitos colaterais desses procedimentos, como incontinência urinária e impotência, que podem ser causadas pelas biópsias – afirma Gabbardo.
Fique atento aos sintomas
Os exames são indicados para os homens que apresentarem sintomas da doença, conforme Gabbardo. Dificuldade para urinar, perda de força do jato urinário, urinar várias vezes durante a noite ou urinar e ainda ficar com a sensação de que a bexiga está cheia são alguns dos sinais que devem ser investigados.
Além disso, o secretário ressaltou que os homens devem adotar medidas preventivas à doença, como não fumar, fazer atividades físicas e manter uma alimentação saudável.
– Queremos que o "Novembro Azul" não seja apenas sobre o câncer de próstata, mas sobre a necessidade dos homens procurarem atendimento médico para avaliação da sua saúde. Existem rastreamentos que somos favoráveis, como de hipertensão, diabetes e HIV – explicou o secretário.
Entenda a polêmica de 2015
Em novembro de 2015, Gabbardo levantou polêmica ao defender que os exames de sangue (PSA) e de toque retal fossem feitos apenas em casos de sintomatologia ou de histórico familiar de câncer de próstata. A afirmação foi contestada por médicos da Sociedade Brasileira de Urologia à época, que defendiam os exames como prevenção. Ano passado, os especialistas defendiam que, quando os homens apresentavam sintomas, seria muito tarde para oferecer o tratamento curativo.