A gravidez é um período marcado por muitas dúvidas – e palpites sobre o que se deve ou não fazer não faltam. Por se tratar de uma etapa fundamental no desenvolvimento do bebê, todo cuidado é pouco. Para fugir de algumas armadilhas, especialistas esclarecem mitos e verdades sobre a saúde da mãe e da criança durante a gestação. Confira abaixo.
Leia mais:
Excesso de ácido fólico durante a gravidez aumenta risco de autismo
Trilha sonora especial pode ajudar mulheres na hora do parto
Cuidado com a caixa de areia do gato
Como as fezes dos gatos são os principais transmissores de toxoplasmose, as grávidas devem evitar limpar a areia na qual eles defecam.
O risco aumenta se o felino tiver livre acesso à rua, pois ele pode se alimentar de outro animal que tenha sido infectado e levar o problema para dentro de casa.
– O gato pode continuar fazendo parte da casa, mas alguém deve limpar a caixa de areia duas vezes ao dia. Se não tiver como outra pessoa higienizar, a grávida deve utilizar luvas de borracha e lavar muito bem as mãos depois – aponta Maria Lúcia Oppermann, chefe do Centro Obstétrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Salada só em casa
A médica Maria Lúcia é categórica: grávida não deve comer salada fora de casa. Como frutas e verduras mal lavadas podem conter parasitas que transmitem toxoplasmose, é preciso ter certeza de que elas foram higienizadas corretamente antes de ingeri-las.
– Além de lavar bem frutas e verduras, o ideal é consumir esses alimentos sempre descascados ou cozidos. A doença pode fazer com que o bebê tenha sérias complicações – explica.
Cabelo e unhas pintadas, pode
O grande mito sobre pintar os cabelos durante a gravidez diz respeito ao tipo de tintura que será usada. De acordo com Marcos Wengrover Rosa, médico do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Moinhos de Vento, desde que o produto não leve metais pesados, tudo bem. Por isso, o uso de henna ou descolorante natural é o mais indicado.
Outra dica é sempre fazer os procedimentos em locais com boa ventilação, para evitar a inalação de substâncias nocivas.
Monitore os banhos de sol
Colocar a barriga ao sol ou tomar banhos de imersão muito quentes requerem alguns cuidados. A temperatura da pele da mão não pode ultrapassar os 38ºC, que pode levar à hipertermia, causando problemas neurológicos no bebê.
Não abandone as atividades físicas
O coração é mais exigido durante a gravidez, mas isso não quer dizer que os exercícios físicos devem sair da rotina das futuras mães. Pelo contrário.
– Mulheres fisicamente mais preparadas vão ter menos cansaço ao longo da gestação, pois elas já treinaram o coração. No entanto, o ritmo da atividade deve ser reavaliado pelo obstetra. Mulheres que já faziam esportes de alta intensidade, em geral, recebem a recomendação de trocar de atividade nesse período para não se expor a situações arriscadas – comenta o obstetra Marcos Rosa.
Nada de álcool
Cerveja preta não ajuda na produção nem fortalece o leite materno. Qualquer gota de álcool ingerida durante a gestação ou no período de amamentação pode ser ruim para o bebê.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe dose de álcool segura para a grávida. O órgão aponta que o consumo pode levar a abortos, nascimentos prematuros e afetar o desenvolvimento da criança.
Uma das mais graves consequências é o alcoolismo fetal, que leva a um conjunto de efeitos, como deficiências no crescimento e no desenvolvimento do sistema nervoso central.
– O álcool tem fixação por células neurológicas e pode afetar diretamente o feto – diz Rosa.
Vacinas e exames em dia
Quem pretende engravidar tem de estar com a carteira de vacinação em dia. Isso porque algumas imunizações não podem ser feitas durante a gestação, como a contra a rubéola. Já vacinas para proteger da hepatite B e da gripe A podem ser tomadas durante a gravidez. O funcionamento da tireoide também deve ser verificado antes de a mulher tentar engravidar.
De acordo com Rosa, hipotireoidismo pode causar alterações graves no bebê, como problemas mentais. A doença diminui as chances de engravidar e, por isso, tem de ser tratada.
Longe do Aedes
Com o aumento de casos de zika, que pode causar microcefalia nos bebês, as gestantes precisam ficar muito atentas à exposição ao Aedes aegypti, transmissor da doença.
– As mulheres devem evitar ficar expostas, principalmente no final da tarde, quando esse inseto prefere se alimentar. Também é necessário tomar medidas em relação à residência para não dar oportunidades ao inseto – sugere Rosa.
Cuidado com leite, queijo e peixes
Toxoplasmose, brucelose e acúmulo de mercúrio são os problemas a que as mães expõem os bebês quando consomem carne mal cozinha, leite cru (que não foi fervido ou submetido ao processo de pasteurização), queijo não pasteurizado e alguns peixes, mesmo quando cozidos.
– Sushi, nem pensar – salienta Maria Lúcia Oppermann.
A brucelose é uma infecção bacteriana rara e está associada a aborto, rupturas das membranas, prematuridade e atraso no crescimento do feto. Já o acúmulo de mercúrio pode prejudicar o desenvolvimento do sistema nervoso do bebê. Por isso, peixes como tubarão, cavala, pirá e garoupa devem ser riscados da lista de compras.
Ácido fólico, só com indicação
– Por causa da menstruação, as mulheres tendem a perder mais ferro do que os homens. A maioria delas está sempre muito perto da anemia. Como é preciso menstruar para conseguir engravidar, quando planeja ter um bebê, a futura mãe deve procurar um especialista que vai examiná-la e pode indicar o ácido fólico, uma vitamina que ajuda a prevenir a anemia – indica Maria Lúcia.
O uso da substância é indicado até a 12ª semana de gestação. Inúmeras pesquisas desenvolvidas no mundo todo apontam que mulheres que têm carência de ferro podem ter bebês com malformações ou problemas neurológicos. Depois desse período, é possível que se indiquem compostos vitamínicos para aquelas mães que apresentam algum tipo de deficiência. Mas, assim como qualquer medicação, os compostos precisam ser indicados pelo médico.
– Muitas mulheres tomam ômega 3 por indicação de amigos e familiares, mas já foi comprovado que a suplementação não faz qualquer diferença na saúde dela ou do bebê. Então, é melhor não ingerir – recomenda Maria Lúcia.