O William era filho único de um pai rico e bem-sucedido. Sobrecarregado pela cobrança de equivalência com o sucesso do pai, fez uma série de escolhas equivocadas na tentativa vã de encontrar uma trilha própria, com reconhecimento personalizado, desapegado do modelo paterno. Quando lhe ofereceram um emprego em Londres, viu uma chance áziga de dar uma utilidade ao curso de Comércio Exterior que, até então, soava-lhe no currículo como um título abstrato. Mas, mais do que tudo, percebeu que a distância traria uma trégua na competição desgastante que mantinha consigo mesmo. Descobriu, então, que a vocação para o sucesso empresarial era genética e, depois de seis anos, já comandava uma importante agência no centro financeiro de Londres. Neste tempo, o trabalho obstinado restringiu a relação familiar a telefonemas rápidos e focados na saúde dos pais e à repetição exaustiva dessas frases de pseudoafeto que dizemos na ânsia indisfarçada de encerrar uma ligação amorfa.
Palavra de médico
J.J. Camargo: o que cabe num abraço
Colunista escreve em todas as edições do caderno Vida