Alexandra Aranovich: A grande atração da Disney é o abraço

*Publicitária e mãe de uma duplinha faminta por diversão (e comida boa)

Não vou descrever uma tese sobre o motivo que leva tantos brasileiros a visitarem Orlando e seus parques. Tampouco vou julgar quem embarca com os filhos recém-saídos das fraldas nessa viagem. Montanhas-russas, simuladores, filmes em 3D, shows de fogos, a adrenalina da terra da magia são mesmo tentadores. Um ímã. Entretanto, gosto de contar que não foi bem essa adrenalina que marcou a nossa maratona em família por lá. Foi, sim, a fantasia, principalmente o abraço dos nossos companheiros de tantos livros e filmes.

Ninguém se aprofunda muito no assunto, mas a verdade é que os parques da Disney exigem um preparo físico: tem que caminhar, tem que suar, tem que entrar na fila, tem de se ligar no fast pass, enfim, tem de ter fôlego para tanta correria. É por essas e outras que nada melhor do que repor as energias nos fortes abraços.

Como escrevo um blog sobre experiências gastronômicas em família (o Destemperadinhos), reservei antecipadamente refeições com personagens. Elas garantem uma boa dose de carinho e fotos com os protagonistas preferidos da criançada sem que seja preciso ficar horas nas filas dos parques para isso.

No Crystal Palace (Magic Knigdom), o Ursinho Pooh e sua turma recebem os baixinhos para café da manhã, almoço e jantar. Quem paga a refeição ganha autógrafos, brincadeiras e, é claro, um "upa" bem apertado. Foi em uma dessas refeições com personagens que chorei, ridiculamente, de emoção. Durante o café da manhã do Chef Mickey's (no Hotel Contemporary, na área do Magic Kingdom), há um momento em que todos param (atendentes e personagens) para cantar Celebrate Song - uma melodia chiclete sobre o tema celebrar. Fui às lágrimas. É piegas, eu sei, mas me pegou de jeito. Nessas horas nos damos conta de como é bom comemorar um sonho, a vida, a família juntinha. Celebrate virou o meu mantra. Pateta em pessoa me alcançou um guardanapo para que eu enxugasse as lágrimas e acabasse de vez com essa patetice para fotografar a Minnie e o Pato Donald agarradinhos na minha duplinha.

Afora os restaurantes, também encontramos conhecidos espalhados pelos parques: o Tico e o Teco, a Alice e, sem pressa alguma, o Coelho Branco. Os desfiles dos parques igualmente garantiram uma boa dose de olhinhos brilhando. Neles, vimos as princesas, os astros da Pixar, entre outros ídolos especiais. O ápice da viagem foi quando avistamos o Buzz no Magic Kingdom. A fila para tirar uma foto com o parceiro do Woody demorou por volta de 35 minutos, mas valeu cada segundo. É a foto-abraço que sintetiza melhor a alegria dos meus filhos nesse universo conto de fadas.

Todos os anos, a Disney lança novos brinquedos sacolejantes para atrair os turistas. Mas ainda é o mais puro faz de conta que realmente faz a diferença. Nossos amigos do "Era uma vez" abanam, cumprimentam e reforçam a magia desse reino tão distante (e ao mesmo tempo tão próximo) que faz bem até para os adultos. É o legítimo abraço-terapia.