
O total de casos confirmados de dengue no Estado no começo de 2025 é o menor dos últimos quatro anos. Segundo o painel de dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES), 780 pessoas contraíram a doença neste ano até a semana epidemiológica 10, encerrada na semana passada.
Antes disso, o último ano que registrou número menor em igual período foi 2020, que teve 603 casos.
O índice representa uma redução de 97% na comparação com o mesmo intervalo de tempo do ano passado, que a essa altura já registrava quase 33 mil casos. A doença bateu recorde no Rio Grande do Sul em 2024, com mais de 208 mil registros.
Especialistas apontam fatores que podem ter contribuído para a diminuição. O primeiro é o fato de que 2024 é considerado um ano atípico, com números muito acima da média da série histórica. Os outros dois pontos são ações de prevenção mais intensas e a falta de chuva:
— As campanhas de prevenção e a vacinação contribuíram para a diminuição de casos. Os fatores climáticos também. Embora a gente tenha tido diversas ondas de calor, teve menos chuva do que no ano passado, inclusive com estiagem em algumas cidades do Rio Grande do Sul. Menos chuva acaba contribuindo para menos casos de dengue. É difícil dizer o que pesa mais ou menos, mas essas três coisas certamente diminuíram o número de casos de dengue — analisa o infectologista Diego Falci, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
Em nota (leia a íntegra abaixo), a SES manifestou avaliação similar, e mencionou que "essa diminuição pode ser explicada por uma combinação de fatores epidemiológicos, climáticos e de resposta da saúde pública".
A secretaria alerta, contudo, que a redução não significa que o risco tenha passado e que a vigilância precisa continuar ativa para monitorar possíveis aumentos de casos nas próximas semanas.
Em Porto Alegre
A redução do número de casos também foi semelhante em Porto Alegre. Conforme o painel da SES, a Capital teve 22 confirmações até a última semana, comparados com mil 871 casos no mesmo período do ano passado. O índice é o mais baixo desde 2018, quando só nove casos foram registrados nesse intervalo.
Esse índice, no entanto, apresenta-se atrasado em relação aos dados divulgados pela prefeitura de Porto Alegre. Só em janeiro, por exemplo, a Secretaria de Saúde do município registrou 67 casos da doença.
Leia a nota da SES na íntegra:
"A nossa avaliação para o cenário de 2025, é de que aparentemente não teremos um ano tão intenso quanto foi 2024, porém ainda assim um ano com número de casos muito significativos.
De fato, houve uma redução no número de casos confirmados em relação aos anos anteriores. Essa diminuição pode ser explicada por uma combinação de fatores epidemiológicos, climáticos e de resposta da saúde pública.
Tivemos em 2024 eventos climáticos extremos, no entanto, no pós-enchente (onde mora o perigo no caso da dengue), tivemos um período de frio, onde o vetor se desenvolve menos. Então talvez esse evento climático possa ter causado uma diminuição na população de mosquitos, e causado um atraso na curva do aumento no número de casos.
Além disso, após um ano com muitos casos, a população exposta pode ter desenvolvido imunidade ao sorotipo circulante, reduzindo o número de pessoas suscetíveis à infecção. Ainda, a intensificação de ações ambientais, tais como de eliminação de criadouros, bloqueios de transmissão e campanhas de conscientização no final de 2024 e início de 2025 podem ter também contribuído para a menor incidência neste ano.
Muito importante destacar, no entanto, que isso não significa que o risco tenha passado. A vigilância precisa continuar ativa para monitorar possíveis aumentos de casos nas próximas semanas e a população precisa intensificar as suas ações, já que historicamente o pico no número de casos é sempre em abril."