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O Vaticano anunciou, nesta segunda-feira (17), que o papa Francisco, de 88 anos, está com um quadro de infecção polimicrobiana nas vias respiratórias. Segundo o porta-voz Matteo Bruni, a situação clínica do pontífice é considerada "complexa".
"Os resultados dos exames realizados nos últimos dias mostram uma infecção polimicrobiana das vias respiratórias, o que determinou uma nova alteração no tratamento. Todos os exames realizados até o momento indicam um quadro clínico complexo", destaca o boletim.
Desde sexta-feira (14), ele está internado no Hospital Gemelli, em Roma, para tratar um quadro de bronquite. Com a infecção polimicrobiana no trato respiratório, a situação do pontífice torna-se ainda mais delicada, exigindo uma modificação em seu tratamento.
Trata-se de uma condição que não é rara e acomete mais as pessoas idosas, segundo o chefe do Serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento, Marcelo Basso Gazzana:
— É comum quando o paciente aspira conteúdo da boca com muitos germes, principalmente entre idosos, que costumam ter problemas de deglutição, eles se engasgam facilmente com os alimentos. Isso facilita que ocorram infecções. Vemos com frequência casos de idosos com quadro de pneumonia por aspiração pulmonar, por exemplo — explica.
Entenda a condição
As infecções polimicrobianas são causadas por diferentes bactérias atuando simultaneamente no organismo, podendo ser uma ação combinada com vírus, fungos e parasitas. Ou seja, essa condição não é considerada uma doença isolada, segundo Gazzana, mas sim um fator que pode complicar quadros já existentes.
Quando afeta as vias respiratórias, a infecção pode provocar sintomas como tosse, falta de ar, febre, fadiga e chiado no peito, semelhantes aos da pneumonia e de outras doenças respiratórias.
A diferença é que, nesse caso, diversos agentes atuam em conjunto, e não apenas os pneumococos — bactérias frequentemente associadas a infecções pulmonares, como a pneumonia. O papa Francisco já estava com bronquite, infecção que afeta os brônquios, vias aéreas que conduzem o ar para os pulmões.
Com a infecção polimicrobiana, a doença pode progredir e evoluir para sepse, infecção generalizada que pode levar o paciente ao óbito, em casos mais graves.
— O problema é que o papa Francisco tem problemas respiratórios recorrentes. Ele já tem os pulmões mais frágeis. Com isso, a capacidade respiratória fica reduzida. E ele não respondeu bem ao primeiro tratamento, isso também é preocupante — afirma o médico pneumologista do Hospital Moinhos de Vento.
Histórico
Jorge Mario Bergoglio tem um histórico de problemas respiratórios recentes. Em 2023, ele foi diagnosticado com bronquite infecciosa e chegou a ser hospitalizado. Ele foi tratado com antibióticos e melhorou. No mesmo ano, ele teve uma inflamação pulmonar.
Em 2024, chegou a fazer aparições de cadeira de rodas porque estava com dificuldades respiratórias. O pontífice não tem a parte superior do pulmão direito desde os 21 anos, quando teve uma pneumonia grave e cistos no pulmão e teve que fazer uma cirurgia.
Tratamento e fatores de risco
Conforme Marcelo Basso Gazzana, o diagnóstico da infecção polimicrobiana é feito por meio de exames de secreções, para identificar as bactérias, e exame de imagem do pulmão. O tratamento é feito por meio de antibióticos, a depender dos diferentes tipos de bactérias agindo no organismo.
São fatores de risco para desenvolver infecção polimicrobiana: idade avançada, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, danos neurológicos, refluxo e ter a saúde bucal comprometida, incluindo problemas como gengivite e cáries. Também é importante estar com as vacinas em dia.