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Em 2025, até 7 de fevereiro, Porto Alegre registrou 11 casos de coqueluche. A quantia supera o total de 2022 (14) e quase alcança a de 2023 (12). Os números revelam uma tendência de crescimento desde de 2024, quando a Capital teve 205 diagnósticos, 17 vezes mais que no período anterior. Os dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
O Rio Grande do Sul também apresentou uma explosão de casos no ano passado. Conforme o portal do Ministério da Saúde, foram 414 confirmações de coqueluche em 2024 contra apenas 23 em todo o ano anterior.
Em 2025, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) atualizou que o Estado registrou 63 casos até de 29 de janeiro, ou seja, o triplo do ano de 2023. A pasta salienta que está em alerta desde junho de 2024 em relação ao aumento da circulação da bactéria causadora da doença no país e no mundo.
SES indica tendência de diminuição
No Estado, os casos subiram a partir de agosto e atualmente estão abaixo do registrado nos meses de novembro e dezembro. A Secretaria explica que o período de maior circulação do agente causador é na primavera e início do verão, por isso há uma tendência à diminuição no próximo mês.
Especialista em saúde da Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs/RS), Lara Villanova Crescente explica que a bactéria tem anos com maior presença. Mesmo assim, a especialista enfatiza que a diminuição na cobertura vacinal também tem relação com o crescimento expressivo.
— Ela (a bactéria) tem ciclos a cada três, cinco anos, de hipercirculação. Então, depois da pandemia, é a primeira vez que a gente teve esse aumento importante. E a gente, também no Brasil de uma forma geral, vinha desde 2015 registrando queda nas coberturas vacinais, o que também criou um bolsão maior de suscetíveis — esclarece.
Pela série histórica, a Capital teve um pico de casos em 2012, com 165 confirmações. Nos anos seguintes, os registros ficaram abaixo de 80, ficando praticamente nulos nos anos de pandemia (2020 e 2021), e voltando a apresentar grande elevação em 2024.
Imunidade que precisa ser reforçada
A vacina da coqueluche faz parte do calendário vacinal infantil, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Porto Alegre, a média de imunização no ano passado ficou em 88,8% e no Estado 92,6%. A meta é pelo menos 95%.
A rede pública oferece três doses da vacina pentavalente - aos dois, quatro e seis meses - e dois reforços da DTP (tríplice bacteriana) aos 15 meses e quatro anos. Além disso, desde 2014 as gestantes recebem no pré-natal a vacina que protege o recém-nascido da doença. Para adultos está indicado o reforço a cada 10 anos com dT (dupla adulto), que também confere proteção tanto para o tétano como para difteria.
Transmissão
Caracterizada por uma tosse persistente, a coqueluche é transmitida por secreção eliminada durante a fala, tosse e espirro. Ela oferece risco de evolução para pneumonias principalmente para bebês menores de seis meses. De acordo com a SES, uma pessoa doente pode infectar até 17 pessoas suscetíveis.
O infectologista pediátrico, chefe do serviço de Controle de infecção e Infectologia Pediátrica da Santa Casa, Fabrizio Motta, alerta que, diferente de outras doenças, a coqueluche e a vacinação não geram uma imunidade duradoura, sendo preciso fazer reforços da imunização para que o corpo volte a ter os anticorpos, especialmente nos ciclos de maior circulação da bactéria causadora.
— É uma doença muito grave nos bebês e quem transmite são os adolescentes e os adultos, que confundem com muitas outras doenças. Demora muito tempo para perceber que é coqueluche e, durante esse período, a pessoa está transmitindo. É uma doença que tem uma alta taxa de transmissibilidade — reforça.
O especialista ressalta a importância dos reforços e de cumprir o calendário vacinal para garantir a proteção, principalmente dos bebês, já que a maior mortalidade pela doença se dá na faixa etária abaixo dos seis meses.
Casos de coqueluche
Rio Grande do Sul
- 2022 - 39
- 2023 – 23
- 2024 – 414
- 2025 – 63 (até 29/1)
Fonte: Ministério da Saúde e SES
Porto Alegre
- 2022 - 14 casos
- 2023 - 12 casos
- 2024 - 205 casos
- 2025 - 11 casos (até 7/2)
Fonte: SMS