Mecanismos semelhantes às funções hormonais (como a de metabólicos) são apontados como promissores para ajudar a controlar a saciedade e a fome após a prática de exercícios físicos. Esses são os estudos de Henver Simionato Brunetta, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Jens Lund, da Universidade de Copenhague (Dinamarca), publicados recentemente na revista científica The Journal of Physiology
A pesquisa investigou a interação metabólica entre carboidratos e exercícios e o seu papel na regulação aguda do apetite. Liderado pelo professor James Frampton, do Imperial College de Londres, o estudo apontou dois metabólitos (acetato e succinato) como potenciais mediadores do apetite induzido pelo exercício físico e das respostas de ingestão de energia.
— O que os pesquisadores observaram é que o exercício de forma aguda suprime a fome. Porém, somente o perfil hormonal não é suficiente para explicar o efeito. Com isso, eles fizeram uma avaliação dos metabólitos alterados pelo exercício e por outras condições alimentares, percebendo que alguns deles, como acetato e succinato, atuam como preditores de saciedade. De alguma forma, os metabólitos estão regulando a fome e a saciedade, embora a gente ainda não saiba exatamente como — explica Brunetta
No estudo cruzado randomizado, o grupo de Frampton recrutou 12 participantes do sexo masculino, com idade entre 18 e 40 anos, entre fevereiro de 2019 e 2020. Foram excluídas mulheres devido à influência do ciclo menstrual no apetite. Eles realizaram 30 minutos de exercício, alguns em jejum e outros após a ingestão de carboidrato. Depois, foi oferecida aos participantes uma refeição, que permitiu avaliar a ingestão calórica, sensações subjetivas de apetite, além de metabólitos e hormônios por meio de exames de sangue.
Descobriram que tanto os carboidratos como o exercício aumentaram os níveis de GLP-1 (hormônio redutor da fome) e diminuíram os de grelina (hormônio que aumenta a fome). No entanto, os metabólitos pareciam responder melhor ao exercício do que a ingestão de carboidratos, produzindo um conjunto hormônios/metabólitos com potencial para suprimir o apetite, apesar do aumento no gasto energético induzido pelo exercício.
A relação entre atividade física e equilíbrio energético (ingestão de alimentos x gasto calórico) ainda é um desafio para a ciência. Outros medicamentos já simulam hormônios que ajudam a controlar o apetite para pessoas que sentem mais fome que o comum. A tendência é de que os processos ligados a metabólitos no controle da fome e da saciedade sejam cada vez mais estudados pelos pesquisadores.