Pesquisadores do Instituto de Pesquisa de Demência do Reino Unido podem ter feito uma importante descoberta sobre a morte de neurônios provocada pela doença de Alzheimer. Em um artigo publicado na revista Science, a equipe associou as proteínas anormais que se acumulam no cérebro com a “necroptose”, uma forma de suicídio celular. As informações são da BBC Brasil.
O grupo reúne cientistas do Reino Unido e da Bélgica. Eles consideram que as recentes descobertas são “excitantes”, já que abrem caminho para novas ideias para o tratamento do Alzheimer. Até então, pouco se sabia sobre características-chave da doença, que incluem a perda de células cerebrais (os neurônios) e um acúmulo de proteínas anormais chamadas amilóide e TAU.
Agora, porém, os pesquisadores do Instituto de Pesquisa de Demência do Reino Unido acreditam que a amilóide anormal começa a se acumular nos espaços entre os neurônios, levando a uma inflamação cerebral que é nociva para essas células e passaria a mudar sua química interna.
Assim, começariam a surgir emaranhados de TAU e teria início a produção de uma molécula chamada MEG3, que provoca a morte das células cerebrais por “necroptose”. A “necroptose” é um dos métodos que o corpo humano normalmente usa para eliminar células indesejadas à medida que células novas são produzidas.
Durante o estudo, os cientistas conseguiram que as células cerebrais sobrevivessem quando a MEG3 foi bloqueada.
“Esta é uma descoberta muito importante e interessante”, disse à BBC o pesquisador Bart De Strooper, do Instituto de Pesquisa de Demência do Reino Unido. “Pela primeira vez temos uma pista sobre como e por que os neurônios morrem na doença de Alzheimer. Tem havido muita especulação nos últimos 30 a 40 anos, mas ninguém foi capaz de identificar os mecanismos", acrescentou.
Estas respostas vieram de experimentos em que células cerebrais humanas foram transplantadas para cérebros de camundongos geneticamente modificados. Os animais foram programados para produzir grandes quantidades de amiloide anormal.
Cautela
De Strooper acredita que a descoberta pode abrir caminho para uma “linha totalmente nova de desenvolvimento de medicamentos”, mas salienta que isso ainda exigirá anos de pesquisa. Outros profissionais concordam com essa perspectiva.
A presidente da Associação Britânica de Neurociências, professora da Universidade de Edimburgo Tara Spires-Jones, disse que “este é um artigo interessante” e que o estudo "aborda uma das lacunas fundamentais na pesquisa sobre Alzheimer", com resultados "fascinantes e serão importantes para o avanço neste campo." No entanto, também enfatizou que “muitos passos são necessários” até que se defina se as descobertas realmente poderão ser aproveitadas como tratamento eficaz para a doença.