O Instituto Adolfo Lutz confirmou nesta segunda-feira (12) que a biomédica e dentista Mariana Giordano, 36 anos, morreu por febre maculosa. Ela e o namorado, o piloto de automobilismo Douglas Costa, morreram subitamente na última quinta-feira (8) após ambos serem hospitalizados com um quadro de febre intensa e fortes dores de cabeça – sintomas que o casal passou a sentir dias antes.
A causa da morte Douglas ainda não foi confirmada. Segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo, o material coletado para diagnóstico continua sendo analisado pelo Instituto Adolfo Lutz.
"A Secretaria de Estado da Saúde informa que o Instituto Adolfo Lutz confirma o diagnóstico de febre maculosa de M.G.P., 36 anos, biomédica e dentista, que morreu subitamente em São Paulo após ser internada apresentando febre e dores de cabeça que se iniciaram no dia 3 de junho de 2023" informou a pasta em nota.
"O namorado de M.G.P., D.P.C., de 42 anos, foi internado com o mesmo quadro de sintomas no dia 7 de junho. Ambos morreram no dia 8. O material coletado para diagnóstico de D.P.C. segue em análise no IAL", completou a secretaria, que afirma que o local de contaminação ainda não foi confirmado e está em investigação.
Mariana pode ter adquirido a doença – transmitida pelo carrapato-estrela – em Campinas, no interior de São Paulo, por onde esteve no começo do mês. Ela alegou que notou marcas de picada pelo corpo após passagem pela cidade e começou a sentir os sintomas no dia 3 de junho, quando viajava com o piloto para Monte Verde, Minas Gerais.
Douglas também passou a apresentar os mesmos sintomas que a namorada, e foi hospitalizado no último dia 7, em um hospital de Jundiaí, também no interior. Além de dores de cabeça e febre alta, ele também apresentava manchas vermelhas pelo corpo. Ele morreu no dia 8, um dia depois da internação.
A morte do casal, agravada pela rápida evolução dos sintomas, estava sendo tratada como um mistério pelos epidemiologistas de São Paulo e Minas Gerais. Além de febre maculosa, havia a suspeita de que Mariana e Douglas pudessem ter morrido por dengue ou leptospirose.
"Naquele sábado (27 de maio), eles foram a uma festa em Campinas, onde provavelmente se infectaram. Era um lugar com mato e eles ficaram até de madrugada nessa festa. Pelo que consta, foi mesmo o carrapato. Eles estavam com vários amigos, mas só os dois tiveram os sintomas", disse Ivete Giordano, mãe da dentista, em entrevista ao Estadão nesta segunda-feira, antes da confirmação da causa do óbito da filha.
A morte de Mariana é a quarta por febre maculosa no Estado de São Paulo em 2023. Ao todo, são dez diagnósticos confirmados até agora neste ano, segundo o governo. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que Campinas e Piracicaba são os municípios "que apresentam o maior número de casos registrados da doença" no território paulista.
No ano passado, o Estado registrou 62 casos de febre maculosa e, destes, 47 resultaram em morte. O índice de letalidade, de 75%, mostra o quanto a doença, que tem no carrapato-estrela seu principal transmissor, é perigosa e fatal.
"A Secretaria de Estado da Saúde reforça que as pessoas que moram ou se deslocam para áreas de transmissão estejam atentas ao menor sinal de febre e que procurem um serviço médico informando que estiveram nessas regiões para fazer um tratamento precoce e evitar o agravamento da doença".
O que é a febre maculosa?
A febre maculosa é uma doença transmitida pelo carrapato-estrela, que não é o carrapato comum que se encontra em cachorros, por exemplo. A espécie pode ser encontrada em animais de grande porte, como bois e cavalos, além da capivara. A transmissão ocorre do carrapato infectado para a pessoa, não existindo transmissão de pessoa para a pessoa, como explica o Ministério da Saúde.
A doença é caracterizada pelo conjunto repentino de sintomas, como febre alta e dor no corpo e manchas vermelhas em todo o corpo e também na palma das mãos e na planta dos pés. A doença tem cura desde que antibióticos sejam aplicados nos primeiros dias dos sintomas e o atraso no diagnóstico pode provocar complicações graves.
Como acontece
Quando a pessoa vai para uma área sujeita à presença de carrapatos, que se fixam na roupa e passam para o corpo. Para transmitir a doença é preciso que o carrapato fique ao menos quatro horas grudado na pele da pessoa. O problema é que os micuins – carrapatos jovens e pequenos – também são transmissores e são difíceis de serem vistos a olho nu. As lesões são parecidas com picadas de pulga, por isso é importante informar ao médico se esteve em regiões onde há registro de capivaras ou casos da febre.
Tratamento
No início, a doença pode ser tratada com antibióticos, o que torna imprescindível o diagnóstico rápido. Como os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, a imprecisão no diagnóstico inicial pode gerar complicações graves. Após quatro ou cinco dias, a medicação não surte o efeito esperado.
Prevenção
Para se proteger e facilitar a visualização dos carrapatos, as pessoas devem usar roupas claras quando entrarem em locais de mato. Se localizar um carrapato na pele, é preciso retirar com cuidado, usando uma pinça, evitando esmagá-lo para que não injete o veneno. O uso de repelentes também é recomendado.
Sazonalidade
Embora não seja uma doença sazonal, a febre maculosa é mais comum entre os meses de junho e novembro, período em que predominam os micuins.