Com a piora dos índices da pandemia no Estado, a recomendação para os festejos de fim de ano é de que sejam evitadas aglomerações e preservadas, ao máximo, as pessoas idosas, mais vulneráveis à doença. Foi diante desse cenário que o governo gaúcho modificou as normas que estavam em vigor e endureceu as recomendações para a população nesta reta final de ano.
Um dos primeiros pontos destacados pela gestão de Eduardo Leite foi o incentivo à restrição de reuniões privadas e familiares, reforçando a recomendação para que tais encontros não excedam o número de 10 pessoas. No entendimento da infectologista Andréa Dal Bó, membro da Sociedade Rio-Grandense de Infectologia (SRGI), o texto é bem-vindo por seu teor de orientação.
— É interessante que o governo se manifeste, porque estamos esperando muito da população, mas somos um país muito dependente do Estado para nos orientar e dar diretrizes — opina.
Alcides Miranda, professor do curso de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), engrossa o coro e diz que a recomendação é fundamental.
— Infelizmente, as pessoas só se sensibilizam quando ocorrem complicações no seu entorno afetivo. Temos mais de 170 mil óbitos e, geralmente, se conhece alguém que morreu, mas nem sempre é parte do convívio. Então, até pelo cansaço e desgaste, as pessoas tendem a naturalizar a situação. Há risco. Se quer passar o Natal de 2021, se cuide em 2020 — defende.
Como fazer com segurança
Marcado tradicionalmente por ser um momento de encontros e reencontros, o fim de 2020 pede cautela. Andréa sugere que aqueles que planejam rever os familiares tomem todos os cuidados necessários antes da visita. Desde o isolamento prévio até a realização de testes:
— Pode ficar de três a cinco dias sem contato com mais ninguém e, quem puder, que faça um exame PCR para garantir que se tenha muitos outros natais e anos-novos com o familiar.
Marcelo Carneiro, professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e membro da SRGI, reforça que a regra básica que deve ser tomada como lei é evitar aglomerações e diminuir os contatos íntimos, como beijos e abraços, principalmente com idosos.
— É prudente ter esses cuidados no Natal, que, geralmente, é o momento em que os mais velhos estão junto. E são eles que podem morrer. Tem que ter cautela. Se fizer festa, que tenha menos pessoas e que se cuide mais dos idosos — diz.