A escassez de álcool gel mobiliza autoridades, indústrias, universidades e instituições profissionalizantes. As iniciativas estão focadas na fabricação do produto, em faculdades e empresas que dispõem de matéria-prima e no desenvolvimento de novas fórmulas à medida que faltam insumos no mercado nacional e Exterior.
Enquanto a indústria convencional enfrenta desabastecimento, surgem iniciativas para amenizar a crise.
Por meio de parcerias costuradas pelo Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Estado (Cosems) e Secretaria Estadual da Saúde, até o momento, as instituições de ensino engajadas são: Universidade Federal de Pelotas, Universidade Católica de Pelotas, Universidade Federal de Santa Maria, Instituto Federal Sul e UniRitter, além da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre que começou a distribuir nesta segunda-feira (23) 400 quilos do produto para a Secretaria de Saúde de Porto Alegre.
Segundo o Cosems, grande parte do álcool sendo doado pela União da Indústria de Cana de Açúcar. Todo o volume de álcool gel produzido será destinado a mais de 2,3 mil unidades de saúde.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) também entrou nesta luta, colocando sua estrutura para estudar alternativas de componentes. A entidade é o maior complexo de educação profissional da América Latina. São 25 unidades com engenheiros, mestres e doutores, dedicados em pesquisas.
Em São Leopoldo, no Vale do Sinos, o Instituto Senai de Inovação de Engenharia em Polímeros, está dedicado em duas frentes de trabalho: a produção tradicional de álcool gel, visando doações — embora com capacidade limitada em 50 litros por dia por se tratar de estrutura laboratorial e não industrial — e estudos de novos espessantes (substâncias que dão consistência e viscosidade em gel ao álcool) que possam substituir os normalmente usados.
— Estamos trabalhando junto com a indústria. Já repassamos alguns resultados de pesquisa para muitos fabricantes e seguimos testando outras fórmulas — afirma Carlos Trein, diretor regional do Senai/RS.
Segundo ele, os insumos alternativos devem ser aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que já se manifestou sobre a flexibilização nas exigências de matéria-prima.
Newton Battastini, presidente do Sindicato das Indústrias Químicas do Rio Grande do Sul, afirma que a maior dificuldade das cerca de 20 fabricantes de álcool gel no Estado é de comprar o espessante Carbopol. Ele lembra que os principais fornecedores estão na Europa e na China.
— O governo federal já anunciou que vai priorizar o desembaraço de cargas nas alfândegas. A expectativa é de que na semana que vem possamos receber matéria-prima — afirma Newton.
O empresário lembra que a demanda por álcool gel cresceu, no mínimo, em 10 vezes e há 10 dias está com sua unidade parada.
Diego Espíndola, presidente do Conselho de Secretários municipais de Saúde no RS (Cosems), afirma que, além da disponibilização do álcool gel, uma medida urgente é a locação de caminhões para transporte. A necessidade de álcool gel para os municípios é estimada por ele em 30 toneladas, mas tende a aumentar.
— É difícil calcular, vamos precisar de muita quantidade com o início da vacinação contra a influenza (gripe) — alertou.
Além da busca de álcool gel, o Cosems procura parcerias com empresas interessadas em confecionar aventais e equipamentos de proteção individual. Conforme o diretor regional do Senai/RS, Carlos Trein, a entidade também atua em projetos para auxiliar essas empresas.