A troca de dinheiro nos pedágios e a proximidade entre motoristas e caixa-operadores têm levado infectologistas a sugerirem cuidado redobrado para evitar o contágio pelo coronavírus. Alguns políticos e empresários vão além e pedem a isenção temporária da cobrança enquanto durar o estado de emergência.
De acordo com o infectologista Luciano Goldani, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, a troca de cédulas é um vetor de risco importante, inclusive porque não é praxe nas praças de pedágios brasileiras o uso de luvas pelos profissionais de cobrança.
— No Brasil, apenas uma minoria das cancelas são automatizadas, com leitura por chip, então, o contato dos motoristas com o funcionário da concessionária é obrigatório — contextualiza Goldani.
Isso significa que se alguém contaminado tocar no papel e na moeda sem antes higienizar as mãos, quem pegar o dinheiro na sequência poderá contrair o coronavírus.
— Importante é que se faça a higienização das mãos antes e depois do pagamento. Se as cabines tiverem vidro para separar o motorista do cobrador, é ainda melhor para evitar contaminação por tosse ou espirro — complementa Goldani.
Presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos (Fecam) no Estado, André Costa afirma que seria importante oferecer dispositivos de cobrança automática (tags) aos motoristas de carretas, sem cobrança de taxas de administração. Ele informa que a entidade já pediu ao Ministério da Infraestrutura que mobilize concessionárias e fornecedores dos chips para atender à demanda.
— É uma alternativa para não ter que isentar a cobrança de pedágio, que é uma questão delicada neste momento de tanta apreensão com a economia e a saúde das pessoas — avalia.
Conforme a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), foram disponibilizados álcool gel, luvas e máscaras aos funcionários das empresas terceirizadas no Estado, porém seu uso não é obrigatório para pessoas não infectadas, diz o órgão, ao mencionar orientação das autoridades de saúde. A EGR descarta a isenção temporária de cobrança de pedágio no Rio Grande do Sul.
O Ministério da Infraestrutura também comunicou que a isenção está fora de cogitação no momento. A distribuição de tags já vem ocorrendo por iniciativa de algumas concessionárias de rodovias, diz o órgão.