Oferecida aos bebês como forma de acalmá-los em momentos de estresse e choro incessante, a chupeta é capaz de proporcionar sensação de bem-estar e prazer, por conta do movimento de sucção feito pela criança durante a ação. No entanto, especialistas alegam que o uso pode ser prejudicial à saúde dos pequenos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o ato de sugar é um reflexo natural que acompanha os bebês desde o útero da mãe. Especialmente no primeiro ano de vida, eles têm a necessidade de fazer a sucção.
A amamentação supre essa vontade e, além de servir alimento, também proporciona, por meio da movimentação da boca, a liberação de endorfina, hormônio que produz efeito de controle da dor, do humor e da ansiedade. A chupeta reproduz essa sensação.
Luiz Felipe Beltrame, chefe da Unidade de Odontologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, afirma que existem alguns problemas que podem ser provocados pelo uso excessivo do bico, como alteração nas arcadas dentárias (que acabam ficando estreitas), mordida cruzada (que pode levar a dificuldade respiratória), falta de fechamento dos lábios em repouso (devido a alteração da musculatura orofacial) e uma relação deficiente entre as arcadas dentárias superior e inferior.
— Além disso, há evidências que sugerem que o uso da chupeta causa alteração na amamentação natural de crianças que começam a usá-las muito cedo. Elas acabam mamando no peito por menos tempo, reduzindo a produção de leite da mãe — explica.
Em um texto publicado pela SBP sobre o assunto, os médicos afirmam que sugar o peito é muito diferente de sugar uma chupeta, e que os músculos utilizados durante o processo são diferentes. Isso faz com que a criança fique confusa com as duas formas de sucção.
"O bebê passa, então, a mamar no peito cada vez menos tempo e menos vezes ao dia. Além disso, gasta energia sugando a chupeta sem receber alimento, o que, somado ao fato de que criança que usa chupeta mama menos no peito da mãe, pode reduzir o seu ganho de peso", informa a mensagem.
A professora de Ortodontia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) Luciane Menezes ressalta que os problemas na dentição são acentuados de acordo com a intensidade, duração e frequência do uso da chupeta.
— Às vezes, os pais dizem que os filhos usaram chupeta e não tiveram problema, mas esses três fatores precisam ser observados. Se usa pouco, provavelmente não terá os problemas — explica.
Um dos pontos mais importantes a ser cuidado é a idade em que a criança faz o uso do bico. Em geral, quando o hábito é removido entre os dois e três anos, diz Luciane, não ocorrem grandes problemas e, quando acontecem, costumam se autocorrigir com o passar do tempo.
O perigo maior é quando o uso se estende até o momento do nascimento dos dentes permanentes. Nesses casos, pode ser necessária uma intervenção, como o uso de aparelho ortodôntico, por exemplo.
Além disso, os pais precisam ser cuidadosos na hora de suspender o uso do bico, o que precisa ser feito de maneira suave e gradual, já que, depois de certa idade, o hábito está mais ligado a questões psicológicas e não a uma necessidade.
— Quando a interrupção é feita de maneira abrupta, a criança pode passar a chupar o dedo, que é tão prejudicial quanto a chupeta — alerta Luciane.