A bebê de 11 meses que morreu por gripe A estava internada no Hospital Sapiranga desde segunda-feira (13) e teve o diagnóstico inicial como bronquiolite. A pequena Maria Luiza Laranjeira Vieira morreu na quarta (15) e a Secretaria Estadual da Saúde (SES) confirmou o óbito nesta segunda-feira (20) como o terceiro por gripe A neste ano no Rio Grande do Sul.
A bebê não havia sido vacinada contra a doença porque estava gripada, diz a mãe da criança, a costureira Jenifer Laranjeira Vieira. Ela contou que Maria Luiza receberia a imunização na última quarta-feira, e ressaltou que a criança sempre esteve com todas as vacinas em dia. A SES ressalta que mesmo com sintomas de gripe ou uso de antibiótico é possível tomar a vacina, que só não é recomendada se a pessoa estiver com febre para não haver confusão com alguma possível reação adversa da dose.
Essa é a terceira morte causada pelo vírus neste ano no Estado – as anteriores foram registradas em idosos de São Gabriel e Barra do Ribeiro. No mesmo período do ano passado, foram contabilizados dois óbitos pela doença. Conforme a SES, a morte ocorreu em decorrência do vírus H3N2 – subtipo do vírus influenza.
A família critica a assistência e o diagnóstico recebidos no Hospital Sapiranga. Jenifer conta que a filha começou a ter febre no domingo (12) à noite, quando foi levada ao Hospital Sapiranga, onde recebeu medicação e foi liberada. Como os sintomas não passaram, ela retornou ao hospital na segunda-feira. Foi feito um raio X e o médico teria dito que se tratava de bronquiolite, dando início ao tratamento com uso de paracetamol e nebulização. A menina ficou internada e, por volta das 15h do dia seguinte, um médico voltou a examiná-la.
— Ele disse que ela ficaria bem, que a febre ia baixar, e não apareceu mais. Só mandava pelas enfermeiras a medicação. Das 15h de terça até 7h da manhã de quarta, nenhum médico voltou para vê-la — conta a costureira.
O quadro de saúde de Maria Luiza piorou na madrugada de quarta-feira, e a dificuldade para respirar se agravou. Pela manhã, ela foi atendida por uma médica de plantão que tentou levá-la para a UTI, mas a menina não resistiu. No atestado de óbito, a causa da morte aparece como insuficiência respiratória aguda causada por bronquiolite aguda.
— Em nenhum momento falaram que estava com suspeita de gripe, não me falaram que estava em isolamento. Recebemos meus sogros e parentes dela, e só depois uma enfermeira falou que ela não deveria receber visitas. O único diagnóstico que deram foi de bronquiolite. Por que eles não desconfiaram antes que era gripe? Porque daria tempo de dar o medicamento que ela precisava, que era Tamiflu — diz a mãe.
Em nota, a instituição diz que Maria Luiza teve acompanhamento e que não apresentava quadro clínico compatível com gripe A quando foi internada. Informa ainda que foram analisados os registros de prontuário e que as equipes foram ouvidas nesta segunda-feira (20). O hospital também afirma que a criança sempre foi monitorada por equipe médica, de enfermagem e multidisciplinar.
A nota complementa que, durante todo o período de internação, a paciente manteve os mesmos sintomas, "não havendo indicativos para início de tratamento de Influenza A, conforme preconiza o protocolo do Ministério da Saúde". Com a piora do quadro clínico, na quarta-feira pela manhã, foram realizados novos exames e "então surgiu a hipótese de Influenza A e imediatamente iniciado o manejo para o seu tratamento".
A Secretaria Municipal de Saúde de Sapiranga diz, em nota, que está vigilante quanto aos episódios que envolvam a saúde pública. Nesta semana, ampliou até 20h o horário da sala de vacina do Posto de Saúde do Centro e orientou os pais da creche de Maria Luiza que vacinem as crianças.
A Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe vai até o dia 31 de maio. Devem se vacinar pessoas que fazem parte do grupo prioritário: crianças (maiores de 6 meses e menores de 6 anos), gestantes, puérperas (mulheres até 45 dias após o parto), trabalhadores da saúde, indígenas, idosos, professores, pessoas privadas de liberdade, funcionários do sistema prisional, doentes crônicos, policiais e militares.
Dados de influenza no RS nos últimos cinco anos
2019* (até 18 de maio): 18 casos e 3 mortes
2018: 623 casos e 98 mortes
2017: 440 casos e 48 mortes
2016: 1.380 casos e 212 mortes
2015: 89 casos e 9 mortes
Fonte: SES