A administração do Hospital Centenário de São Leopoldo pode ser responsabilizada pela morte do menino Miguel Oliveira de Lima, aos sete dias após o nascimento, ocorrida no último domingo (14). Uma técnica em enfermagem teria injetado 35ml de leite na veia do bebê, que estava na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal da instituição, em vez de fazer o procedimento por sonda. Conforme o delegado Joel Souza, da 1° delegacia do município, os responsáveis pela contratação de funcionários podem responder como co-autores do crime.
Até o momento, a polícia ouviu os pais do menino e recebeu o prontuário médico. O delegado estima que pelo menos 40 pessoas prestem depoimento, entre médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, administração do hospital e técnicos da área da saúde. Além disso, são aguardados os laudos da perícia para a conclusão do inquérito.
— O laudo é da maior importância para as nossas conclusões. Mas podemos responsabilizar também o hospital pelo fato — disse o delegado.
Ainda não há previsão de quando o inquérito será concluído e nem de quantas pessoas serão indiciadas. O Hospital Centenário afastou a equipe que estava de plantão no turno em que ocorreu o erro e instaurou uma sindicância interna para investigar o caso. Ela deve ser concluída dentro de 30 dias a partir da última segunda-feira (15). A instituição só irá se manifestar após a conclusão da sindicância.
O Conselho Regional de Medicina (Cremers) também instaurou uma sindicância e vai oficiar o hospital e o Ministério Público mostrando que o processo seletivo para contratação de servidores na unidade hospitalar não atende a critérios básicos. Segundo o delegado do Cremers e médico do hospital, Carlos Antônio Arpini, a técnica que cometeu o erro estava na instituição há apenas 10 dias. Para ele, ainda era muito cedo para ela estar trabalhando em uma unidade considerada de risco.
Sobre o prontuário médico apontar que houve erro de uma técnica em enfermagem, o Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (Coren-RS) disse que estão sendo feitas averiguações sobre as circunstâncias da morte e do possível envolvimento de profissionais da Enfermagem.