Após denúncias de falta de medicamentos, má higienização hospitalar e relações de trabalho precárias, a prefeitura de Canoas anunciou a mudança na gestão do Hospital de Pronto Socorro (HPS) e das UPAs Caçapava e Rio Branco no município. A administração dessas unidades de saúde deixa de ser feita pelo Grupo de Apoio à Medicina Preventiva (Gamp) e passa a ser de responsabilidade do Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev), que foi o segundo colocado na licitação realizada em 2016.
De acordo com a prefeitura, as duas entidades já iniciaram a fase de transição. O Hospital Universitário (HU) e quatro Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Canoas continuam sob gestão do Gamp.
"Conseguimos remediar razoavelmente a situação no Hospital Universitário, também gerido pelo Gamp, mas o HPS ainda deixava a desejar. Portanto, notificamos o Gamp, contratamos uma auditoria e acabamos chegando neste acordo. Quem assume agora é o segundo colocado na licitação feita pelo governo passado", informou, em nota, o prefeito Luiz Carlos Busato.
Em nota, o Gamp afirma que "enfrentava problemas no recebimento dos repasses para manter as unidades em pleno funcionamento". A entidade afirma que criou um grupo de trabalho para permitir que a transição ocorra da maneira mais amigável possível para evitar prejuízos ao atendimento à população (leia a íntegra da nota ao final deste texto).
A falta de medicamentos e de insumos nas instituições foi denunciada em maio deste ano pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers). Médicos, funcionários e pacientes relatavam fata de itens básicos, como paracetamol (analgésico), soro fisiológico, antibióticos e fraldas. Dossiê elaborado pelo Simers mostra cópia de um grupo de WhatsApp composto por médicos e funcionários do HPS. No grupo, eles avisam sobre a falta de remédios, e inclusive são postadas orientações sobre substituição de medicamentos devido à escassez.
Conforme denúncia feita pelo Simers, além da falta de medicamentos, lixo comum era misturado ao lixo hospitalar e as relações de trabalho estavam precarizadas, já que os funcionários não eram celetistas e, conforme o sindicato, não tinham direitos trabalhistas. Também houve relatos de atraso de salários e de demissões de médicos.
Durante a vigência integral do contrato, a prefeitura repassava, mensalmente, R$ 16 milhões para que a Gamp fizesse a administração dos hospitais, das duas UPAs e dos Pronto-Atendimentos. O contrato é de cinco anos.
Confira, na íntegra, a nota do Gamp:
O Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (GAMP), primeira Organização Social a atuar no Rio Grande do Sul, está repassando à prefeitura de Canoas a gestão do Hospital de Pronto Socorro (HPSC) e das Unidades de Pronto Atendimento Caçapava e Rio Branco. Desde dezembro de 2016, o Grupo estava à frente da gestão destas unidades de saúde e enfrentava problemas no recebimento dos repasses para manter as unidades em pleno funcionamento.
A Organização destaca que já criou um grupo de trabalho para que a transição, que deve durar cerca de 40 dias, ocorra da forma mais tranquila e amigável possível, preservando os contratos em vigor e o atendimento à população. A entrega do lote 1 pelo GAMP ocorreu em 09/10/2017.
O GAMP continuará administrando o Hospital Universitário (HU) e as Unidades de Atendimento Psicossocial (CAPS) Recanto dos Girassois, Travessia, Amanhecer e Novos Tempos, oferecendo aos canoenses e moradores de municípios vizinhos o serviço de excelência que se comprometeu a entregar e vem prestando desde o começo de sua atuação. Os investimentos em infraestrutura e novos equipamentos, além do exclusivo serviço de telemedicina e o projeto Carreta da Saúde nos bairros de Canoas seguem normalmente.