
A água que avançou sobre ruas de bairros da região central de Porto Alegre, após o temporal que atingiu a cidade no fim da tarde de segunda-feira (31), é resultado de uma falha no sistema da casa de bombas 16, em decorrência da falta de energia elétrica, segundo o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae).
Diretor-geral da autarquia, Bruno Vanuzzi explicou em entrevista à Rádio Gaúcha nesta terça-feira (1º) que o quadro que deveria acionar automaticamente os geradores de energia elétrica apresentou uma "falha pontual". Como consequência, o sistema não operou com 100% de capacidade e houve acúmulo de água em diversos pontos da região.
— Tivemos ontem (segunda-feira) um problema muito pontual na casa de bombas 16. Aquela casa de bombas conta com dois geradores que atenderiam plenamente a região. Durante a manhã, fizemos um teste de contingência e observamos que o quadro de transferência automática daquele sistema de geradores estava falhando, desarmava — afirmou em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
Conforme Vanuzzi, a empresa responsável pela manutenção do sistema já foi acionada. O diretor do Dmae salienta que mesmo sem os geradores, as casas de bombas continuam expelindo água para fora da cidade por conta da gravidade — que age quando o nível do Guaíba está abaixo do de Porto Alegre.
Outro fator que contribuiu para o alagamento em bairros como Menino Deus, por exemplo, foi o vendaval, que causou quedas de galhos de árvores. Vanuzzi explica que o material entra na rede de esgoto e compromete o funcionamento das casas de bombas.
— Tivemos uma queda de galhos, de árvores, de folhas, muito grande e que também diminui a vazão nas casas de bombas. As casas de bombas possuem grades que são como se fossem peneiras para evitar que as bombas acabem sugando material como a vegetação e acabem entupindo — explicou.
Limpeza dos bueiros
Vanuzzi projeta que até abril a operação de limpeza dos esgotos de Porto Alegre estará 100% concluída. O serviço começou em maio de 2024, após a histórica enchente que atingiu o Rio Grande do Sul.
Em relação ao entupimento de bueiros no Menino Deus na segunda-feira, o diretor-geral do Dmae afirmou que o sistema de esgoto da região passou por manutenção recentemente e foi afetado pontualmente pelo grande volume de detritos resultantes do temporal.
— A chuva na região central, ali do Menino Deus, foi extremamente intensa num período de tempo muito curto, com queda de árvores, galhos, folhas e detritos numa quantidade totalmente fora da curva (...) Nós estamos fazendo a manutenção constante, a drenagem constante — afirmou Vanuzzi.
Falta de água
O diretor-geral do Dmae atribui o desabastecimento de água à falta de energia elétrica em Porto Alegre.
— Não ter água não tem nada a ver com a quantidade de chuva. Não ter água é porque a estação de tratamento de água está sem energia — justificou.
Vanuzzi ainda explicou que as principais estações de tratamento de água contam com sistema de dupla alimentação de energia, mas as duas fontes vêm da mesma subestação, o que não é o ideal. Ele afirma que o Dmae debate uma solução com a CEEE Equatorial. Ainda segundo o diretor, para alimentar as três principais estações, responsáveis por cerca de 75% do abastecimento, seriam necessários quatro geradores por unidade.
Conforme o Dmae, a estação das Ilhas segue inoperante devido à falta de energia. Os sistemas São João, Moinhos de Vento e Belém Novo voltaram a funcionar durante a manhã desta terça-feira e o Menino Deus já havia sido restabelecido na madrugada.
Segundo o diretor-presidente da CEEE Equatorial, Riberto Barbanera, em entrevista ao Timeline Gaúcha a previsão de conclusão dos reparos na rede elétrica para que o fornecimento seja retomado é até quinta-feira (3), mas que dependerá das condições encontradas pelas equipes.