
Faltando três dias para o fim do prazo estabelecido pela prefeitura para a saída de 57 de famílias e início das obras de recuperação do dique do bairro Sarandi, em Porto Alegre, o clima ainda é de incerteza entre moradores. O prazo havia sido prorrogado até segunda-feira (10) pelo Departamento Municipal de Habitação (Demhab). Anteriormente, a data estabelecida para a remoção das famílias era 28 de fevereiro.
São imóveis que precisam ser demolidos para dar espaço à circulação de máquinas e à ampliação na altura e na largura do sistema que protege um dos bairros mais populosos da Capital e, numericamente, o mais castigado pela enchente de 2024.
Nesta sexta-feira (7), a resignação era observada junto a algumas famílias. É o caso da aposentada Ordalina Silva de Moraes Moreira, 71 anos, que se preparava para se mudar no mesmo dia. Ela reside há quase 40 anos com o marido em uma casa na Rua Aderbal Rocha Fraga, vizinha ao dique.
Ordalina foi contemplada no programa Compra Assistida, do governo federal, que adquire e dá uma casa nova no valor de até R$ 200 mil para pessoas atingidas pela enchente. Ela escolheu um apartamento no próprio bairro.
— Só estamos esperando a Caixa Econômica Federal avaliar o apartamento e pagar para a gente poder receber a chave — afirma a aposentada, que calcula ter de esperar alguns meses para entrar no novo imóvel.
Enquanto isso, ela e o marido irão pagar aluguel em outro local no Sarandi.
10 famílias já assinaram termo
Segundo o Departamento Municipal de Habitação (Dehmab), das 57 famílias, 10 delas assinaram um termo de autorização para a demolição das casas. Outras ainda aguardam serem procuradas.
— Eu não queria me mudar, mas estou me sentindo bem. Já tenho outro lugar para ir, quando for necessário e me procurarem — relata Alan da Silva, de 31 anos, outro morador da Rua Aderbal Rocha Fraga.
Ele também foi contemplado no Compra Assistida e aguarda vistoria da Caixa para receber a chave de um imóvel novo em Alvorada.
Segundo a prefeitura, das 57 famílias que precisam sair da área, 47 estão confirmadas no programa Compra Assistida e outras cinco tiveram dados cadastrais enviados para Brasília.
Demais casos são tratados individualmente. Além disso, moradores receberam a opção do Estadia Solidária, programa municipal que oferece o pagamento de R$ 1 mil mensais no prazo de 12 meses ou até o atendimento habitacional definitivo pelo governo federal.
— Estamos conversando família por família, algumas pediram mais alguns dias e demos. Vamos tratar com paciência e entender o drama de cada uma delas para ser o menos traumático possível — afirma André Machado, diretor-geral do Dehmab.
Segundo o Dehmab, a partir de segunda-feira (10) está prevista a movimentação de máquinas da prefeitura na região. Procurado, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) informa que as obras efetivas de recuperação do dique só terão início a partir do reassentamento de todas as 57 famílias que residem junto à estrutura.